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domingo, 10 de agosto de 2008

Ser pai (em 4 filmes)

“- São datas comerciais meu filho. Apenas para fazer o comércio não parar; dia dos pais são todos os 365 dias do ano e presente basta o olhar carinhoso de filho!” (Tony Duarte)
É verdade pai. Estas datas apenas servem como uma referência simbólica onde presenteamos (por obrigação do comércio) aqueles que deveriam ser presenteados, por nós filhos, todos os dias.
Nos últimos anos eu presenteei e fui presenteado; sou pai e sigo á sombra do meu que ainda é uma referência forte pra mim e que, involuntariamente, também serve de referência para o meu filho.
Hoje entendo algumas coisas que eram confusas pra mim até pouco tempo atrás; coisas que eu percebia nas atitudes do meu papai e buscava entender, coisas que eu assistia nos filmes e queria interpretar; hoje eu sei...

Quatro filmes sobre a relação pai e filho são profundamente emocionantes para mim e ao mesmo tempo em que me remetem à um passado já quase distante, me trazem à uma realidade de um presente que vivo; filmes simples em sua essência, emocionantes em seus enredos e comoventes quanto ao tema paternidade.


O REI DA CALIFÓRNIA – 2007 (com Michael Douglas): conta a história de uma jovem menina que volta a viver com seu pai depois de uma temporada em que ele esteve internado num sanatório devido à sua obsessão por um tesouro espanhol escondido em baixo de um supermercado. Ao passo em que a jovem crescia e amadurecia, tendo que lidar com os problemas da puberdade e familiares (em decorrência dos devaneios de seu pai), estas mesmas loucuras de “caça ao tesouro” os unia aumentando ainda mais a relação pai e filho. Com um desfecho belo e simples, o filme deixa uma mensagem profunda dentro da comicidade e leve dramaticidade que nos remete.


PEIXE GRANDE – 2003 (com Ewan McGregor): é um filme do “surrealista” (pode-se dizer assim) Tim Burton. Sim o mesmo dos primeiros Batmans. Carregado de efeitos especiais e um tanto loucos, o filme conta sobre um filho, agora adulto, que cresceu ouvindo as fantásticas histórias de seu pai. Tais histórias que em sua infância povoaram seu imaginário agora parecem ser um tanto exageradas e fantasiosas e que hoje, ele adulto, reluta em acreditar, obrigando-o a separar o que foi mito e o que foi realidade. Mas dentro daquela fantasia das incríveis histórias do pai que o filho percebe coisas importantes sobre seu pai e sobre si mesmo.


A VIDA É BELA – 2001 (Roberto Benigni): uma comédia dramática (vencedor de 3 Oscars) ambientada durante a II Guerra Mundial e os campos de concentração nazistas. Um pai (Benigni, ator e diretor) que para esconder de seu filho os horrores da guerra usa a sua imaginação para fazer parecer que o campo de concentração é uma grande busca à um prêmio fantástico. Uma verdadeira obra-prima do cinema mundial.



A PROCURA DA FELICIDADE – 2006 (com Will Smith): o mais dramático dos quatro filmes; conta a verdadeira história de Chris Gardner, um pai desempregado, abandonado pela esposa, com sérios problemas financeiros, ainda tendo que lidar com a educação do filho de cinco anos, consegue um estágio não-remunerado em uma corretora de ações que ao final de seis meses contratará apenas um de todos os seus estagiários para seu quadro funcional. Ao passo que as crises se agravam, Gardner esconde de seu filho as duras realidades que a vida lhes impõe, ao passo que busca a felicidade ao lado dele como um pai afetuoso. Um filme que nos leva às lágrimas, a melhor atuação de Will Smith no cinema.

Quatro filmes, diferentes enredos, mas uma só mensagem: o amor paterno.
Aquele amor que senti e ainda sinto nos carinhos, nas conversas e nas histórias (algumas fantásticas também) que meu pai até hoje conta repetitivamente, mas sempre com algum detalhe a mais que me prendem mesmo quando eu penso em outras coisas.
O amor que me fez viver uma infância plena e feliz enquanto a realidade caia sobre seus largos ombros e heroicamente e ele enfrentou me protegendo de qualquer coisa que pudesse me tirar a meninice. Amor que esteve presente até nos sonhos criados por ele querendo encontrar alguma riqueza que pudesse melhorar a nossa vida. Mas a maior demonstração de amor de meu pai foi sempre buscar a felicidade pra mim e pra nossa família.
Foram estes atos heróicos que hoje me colocam na obrigação prazerosa de ser o mesmo pai para meu filho; buscar tesouros, fantasiar histórias impressionantes, protegê-lo das maldades mundanas e ao mesmo tempo poder ostentar um sorriso quando tudo parece perdido, fazendo-o acreditar que a felicidade está ali a frente, basta ele segurar a minha mão.

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