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domingo, 30 de agosto de 2015

A CRISE ECONÔMICA INSTITUCIONALIZADA E O "NOVO BRASILEIRO"

O Brasil, o Rio Grande do Sul e Uruguaiana deram passos pra trás em 2015.
A Prefeitura Municipal não tem dinheiro em seus cofres públicos.
O Governo Estadual, completamente quebrado, corta verbas, aumenta impostos e parcela salários de servidores públicos.
O Governo Federal vive a maior crise econômica, política e moral da história do Brasil. Inflação e dólar nas alturas, desemprego e queda de 1,9% do PIB é apenas uma pequena amostra grátis (pois você não tem mais dinheiro, né?) do que está acontecendo.
O Brasil voltou à "Década Perdida" de 1980.
Muitos que estão lendo não viveram, ouros eram pequenos demais para lembrar, mas quem viveu aqueles terríveis anos do Brasil, recorda muito bem o que era sobreviver com o salário que não chegava ao fim do mês, o terror das remarcadoras de preços, as filas no supermercado nos dias de "rancho", a inflação estratosférica, o desemprego, o déficit público anual e a corda no pescoço da família brasileira.
Mesmo assim, nos anos 80 o Velho Brasileiro ainda conseguia sobreviver a crise porque não tinha muitas coisas. Raras eram as famílias com carro do ano na garagem, casa financiada, ar condicionado em quase todas as peças casa, diversos eletrodomésticos consumindo energia elétrica, etc.
Não havia internet pra pagar, tampouco aparelho celular e tanta conta de telefonia.
Os filhos não pediam I-phones, I-pads e tablets, pois não havia.
As crianças não tinham roupas da moda, de marcas famosas; ostentação era quando o menino ganhava um kichute novo.
Na década de 1980 não havia luxo; e talvez tenha sido por esse fator que o Velho Brasileiro sobreviveu.
Em 2015, o Novo Brasileiro está vivendo como se estivesse nos anos 80, porém, dessa vez, com todo luxo e ostentação que agora custa muito caro.

Pobre Novo brasileiro.

Agora mais do que sobreviver a crise, o Novo Brasileiro precisa aprender a viver normalmente.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

PERDI A CHAVE DO CARRO

   Justo hoje, no final da tarde deste que está sendo dos dias mais corridos da semana, sendo que tive aula todo o dia e ainda tinha alguns períodos agora a noite, e há pouco menos de 24h do lançamento do novo Jornal do qual faço parte da equipe de redação e atrasado no envio das reportagens que precisam estar na edição de amanhã, perdi a chave do meu carro para aumentar por completo o meu desespero.
   Sem tempo para procurar ou chamar um chaveiro, liguei para que um táxi me levasse ao programa de rádio num dos extremos da cidade e ainda consegui carona para que me deixassem no curso, do outro lado da cidade.
   Depois da aula, sem dinheiro na carteira (problemas da vida de professor), minha única alternativa foi voltar caminhando pra casa.
   Percebi, com aquela situação, que em meio a toda essa tragicômica situação era possível tirar algum proveito: um para tempo colocar os pensamentos em dias e refletir, além de caminhar a aproveitar o trajeto. Ainda desliguei o celular, a fim de me desconectar completamente das redes sociais virtuais, enquanto percorria por ruas e calçadas a verdadeira rede social real de Uruguaiana.
   Pelo caminho vi tanta gente que há muito não via pessoalmente. Cumprimentei, acenei e apertei a mão de pessoas que ultimamente só tenho visto através de fotos de Facebook e conversado por Whatsapp.

   Encontrei com um amigo e trocamos um dedo de prosa banal.

  Parei na frente da casa de outro amigo e tomei dois mates com ele enquanto ele se queixava da inflação e da economia nacional.
   Atravessei a rua quando fui chamado por um grupo de conhecidos que discutiam política na esquina da praça e dediquei alguns minutos àquele debate informal.
  Cruzei por amigos que estavam indo jogar futebol, no único dia que suas esposas e namoradas os liberam e eles me perguntaram quando me farei presente às "peladas" novamente. Infelizmente minha agenda de compromissos não coincide com o ciúme das cônjuges deles.
   Ainda passei os olhos numa boa camisa na vitrine de uma loja e prometi pra mim mesmo compra-la assim que tiver dinheiro sobrando. Mais adiante, ao consultar o saldo da conta no banco, percebi que não vai ser tão cedo assim que comprarei aquela camisa.
   Quase chegando em casa, vi gente apressada acelerando com seus carros e cheguei por um momento a sentir pena destas pessoas. Presas a seus relógios, nenhuma delas talvez tenha percebido a bela noite que caía diante dos nossos olhos. Nem eu teria visto também se não fosse aquela chave.

  Foi quando dobrei a esquina de casa que voltei a normalidade da vida. O carro estacionado na frente, os compromissos à minha espera naquela luz acesa do meu escritório e, por um instante, quase que apertei o passo para chegar logo ao destino das minhas responsabilidades; mas não o fiz. Continuei com passos calmos os últimos metros daquele prazeroso passeio forçado pelos vieses que meu tumultuado dia me impôs e dei por concluído mais um dia de trabalho. Depois de fazer um mate e sentar para escrever, em meio a pilhas de documentos e papéis, ela estava ali: a chave do carro.
   Escondida sob os compromissos, eu acredito que aquela bendita chave se encobriu de propósito, abrindo a possibilidade de me permitir viver um dia que eu não jamais teria aproveitado se estivesse com ela.
   Pela primeira vez uma chave que não foi usada abriu, por alguns instantes, uma porta.


terça-feira, 11 de agosto de 2015

A CULPA É DO PERO VAZ (COMO NASCEM OS LADRÕES NO BRASIL)

Quando a frota de Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil, em 1500, para verificar as posses lusitanas na América, o escrivão oficial da Coroa Portuguesa, Pero Vaz de Caminha escreveu ao Rei Dom Manuel uma carta onde destacava que: “... nessa terra, aqui, em se plantando, tudo dá!”
O problema é que nessa mesma viagem dois ladrões que acompanhavam a frota de Cabral e Caminha ao chegar ao Brasil pegaram febre, morreram e foram enterrados aqui.
E justo aqui nessa terra, onde “em se plantando, tudo dá”, nunca mais, desde então, parou de nascer ladrão no Brasil.