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terça-feira, 21 de abril de 2015

O COMPASSO DOS NOSSOS RELÓGIOS

Não são os fusos horários distintos que podem causar o fim de uma relação, são os milésimos de segundo de descompasso entre dois relógios que acabam por afastar uma pessoa da outra. Pois muitas vezes o relógio de pulso e o de parede não tique-tacam na mesma prossecução.

O amor é como um relógio de pulso belíssimo que vemos na vitrine de uma joalheria.
Entre tantos outros relógios a escolher no mostruário, o amor é aquele pelo qual nos desperta a atenção, nos fascina como joia rara e, encantados, o adquirimos para, inevitavelmente, entrar em nossa vida. Colado à pele, controlando e administrando nossa rotina, seduzindo-nos a cada segundo, os ponteiros desse relógio batem ditando um ritmo.

A vida, entretanto, é como aquele nosso velho relógio de parede, no corredor de casa.
Não recordamos desde quando ele está ali; até porque não o compramos; ele já estava ali quando chegamos. Poucas vezes fixamos o olhar em seu compasso das horas. Simples, sereno e despretensioso, suas batidas repousam ritmo no dia-a-dia.

Porém, nosso relógio de pulso e o relógio de parede as vezes desalinham segundos entre um e outro. Não percebemos que cada um tem um mecanismo diferente. E acabamos não sabendo mais que horas são.

O relógio de pulso é movido à pilha.
O relógio da parede é movido à corda.
O amor bate de um jeito
A vida tique taca de outro.

Essa semana meu relógio de pulso parou. Preciso trocar a pilha e tentar regula-lo novamente ao velho relógio de parede que também precisa de corda, na esperança que possam, quem sabe, bater na mesma cadência.