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terça-feira, 27 de julho de 2010

E DIZER QUE A HISTÓRIA SE REPETE EM URUGUAIANA

A história está aí para nos ensinar.
O passado nos deixa lições que devemos seguir e outras lições que servem para que vejamos o que não deve se repetir.
Mas parece que em Uruguaiana, a “história negra” gosta de reprisar.
Na Roma Antiga, praças, eventos, festividades e demais atividades supérfluas, distraiam a sociedade desviando a atenção para os atos políticos que eram tramados no governo. O “pão e circo” se perpetuou por mais de 2.000 anos e ainda hoje distrai povos inteiros com praças iluminadas e festas anuais sem que se veja as mazelas que nos rodeiam.
Na Idade Média, o Senhor Feudal fazia de seu território seu domínio e sua autoridade tinha peso de lei, acima de qualquer outra lei, inclusive do próprio Estado. Eram tempos em que a medida de poder era a opressão.
Na Idade Moderna o rei ganhara prestigio e poder graças a classe emergente que financiava os mandos e desmandos monárquicos, para conquistar em troca direitos de comércio e favores para seus familiares. Pensadores e filósofos corroboravam com o pensamento absoluto e escreviam rasgados discursos para a manutenção do sistema, pois – para estes – os fins justificavam os meios. O rei era “absolutamente pleno”, confundindo-se com o próprio Estado; os súditos, massa de manobra e algumas famílias ganhavam – ou compravam – títulos de nobreza graças às bajulações reais. No final daquele período, cabeças rolaram, inclusive a dos próprios Senhores Estado.
Napoleão ousou conquistar tudo aquilo que sua armada pudesse alcançar. Ordenou bloqueios até em territórios que não eram seus; ameaçou aliados e empossou parentes em reinos vizinhos. Seu gigantesco e megalomaníaco ego o levou às raias da loucura e isso lhe custou o próprio trono, no qual ele mesmo havia sem intitulado “imperador”. Hoje, considerado por muitos o maior estrategista da história, é considerado por outros tantos apenas um imperador louco.
No Brasil Imperial, o antes idolatrado D. Pedro, ao assumir o poder, mostrou sua verdadeira face, criando um poder moderador que lhe dava autoridade para intervir em todas as instâncias da sociedade; desrespeitava o Legislativo e o Judiciário. O imperador criava as leis de um Brasil que ele mesmo desconhecia. Foi uma época em que até a mídia opositora foi perseguida. Assim calaram Libero Badaró.
Mais tarde, nos arrancos republicanos, houve um presidente que conseguiu, dentro de sua era, ser o mais ambíguo de todos os políticos brasileiros. Foi amado e odiado, alternou paternalismo e ditatorialismo num mesmo governo. Uniu grupos sociais que rivalizavam para alcançar seu próprio benefício; usou a Máquina Estatal para se promover; criou um programa de rádio que servia como instrumento de divulgação das obras do governo, mas que na verdade também era usado para difundir o próprio pensamento demagógico e perseguir a oposição e, não contente, depois de tudo isso, impôs uma ditadura ferrenha ao próprio povo que lhe idolatrava. Aquele gaúcho de São Borja teve todo o poder que lhe foi permitido; Mas, mais poderosa foi a oposição política que lhe fez puxar o gatilho naquele fatídico agosto.
Se analisarmos bem, encontraremos em cada um destes momentos, estranhas coincidências com a Uruguaiana atual.
Felizmente todos estes períodos históricos caíram; a própria sociedade, tomada de consciência, em muitos destes momentos agiu, direta ou indiretamente, para o fim destas mazelas.
Se a história serve para uns repetirem-na e usá-la para governar como assim outros já fizeram, esta mesma história deve nos servir para que vejamos como devemos proceder para pôr fim nisso, assim como todos esses impérios e governos que molestaram a humanidade ao longo dos tempos e que um dia findaram.
Uruguaiana não pode incorrer nas negras repetições do passado. A sociedade clama por justiça.
Somos a própria história viva, o livro do futuro ainda não foi concluído.
Chega de autoritarismo, pois é a voz do povo que deve prevalecer. E a história há de contar um dia.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

A medida da felicidade


Em pesquisa recente, realizada entre 2005 e 2009 pelo Gallup, foi medido e avaliado o grau de felicidade das pessoas em seus respectivos países.

Empatado com o Panamá, em 12.º lugar encontra-se o Brasil. (veja aqui o ranking)

Com base em entrevista, classificando-se em três graus, que vão de felicidade à sofrimento, a pesquisa revelou que as pessoas tendem a estar mais satisfeitas com a vida conforme o grau de riqueza de sua nação e que o passado recente é importante para refletir-se a felicidade atual.

Entre os brasileiros, 58% se consideram felizes; 40% estão à procura dela e apenas 2% declararam estar sofrendo.

Tal pesquisa serviria para “pesar” um sentimento que a humanidade ao longo de toda a história sempre buscou.

Na Antiguidade Oriental havia uma lenda de que as pessoas ao morrer, para poder entrar no reino dos céus eram interrogadas por um espírito que lhes realizava apenas duas perguntas:

1.º: “Fostes feliz em vida?”

2.º: “Levastes a felicidade para a vida de alguém?”

A alma assim, além de refletir sobre como havia sido sua vida na terra, tinha seu destino pós-vida decretado conforme a resposta das perguntas.

Sócrates, posteriormente, ainda na Antiguidade (só que agora ocidental) vislumbrava a felicidade como um projeto de vida que todo homem deveria alcançar; ser feliz – para ele – seria “viver como os deuses”.

O ex-presidente norte-americano Thomas Jefferson, na Carta de Independência daquela nação escreveu:

“Todo homem é criado de maneira igual com direitos próprios e intransferíveis, como a vida, a liberdade e a busca pela felicidade(…)”

Assim, segundo ele, todas as pessoas são livres e tem estabelecido e assegurado pelo Estado o direto à felicidade.

Recentemente, um símbolo, definiu – para a nossa embrutecida sociedade moderna – a representação da felicidade: a famosa “carinha Smile”; criada em 1963. Uma música considerada para muitos a mais bela de todas já compostas, de autoria do eterno palhaço Charles Chaplin e re-gravada na voz de muitos interpretes, canta esse sorriso: “Smile”.

Nada mais justo – em tempos de correria, seriedade e valores alterados pelo sistema que nos corrompe – um simples sorriso ser sinônimo de felicidade.

Mas e a sua felicidade? É possível medi-la através de entrevista? De perguntas? Seria ela uma sensação digna apenas aos deuses? Estaria ela determinada e realmente assegurada em algum documento?

Cada pessoa tem a sua própria felicidade de acordo com a sua vida; cada um de nós tem uma visão de felicidade. Ela está nas conquistas ao longo da vida, nas satisfações e engrandecimentos profissionais, no grupo de amigos, na família reunida, num gesto fraterno e espontâneo de desconhecidos, no amor...

Não vá muito longe, desesperadamente, à procura dessa sensação; as vezes o caminho longo que traçamos termina sem sentido quando percebemos que depois de tanto viajar, a felicidade sempre esteve ao seu lado, e o caminho de volta pode ser penoso demais.

A minha felicidade?

Bom...

Esteve todo o momento aqui comigo enquanto escrevia esse texto, me pedindo pra ir brincar com ele. Agora me dêem licença que eu preciso ir ali ser feliz com meu filho.



quarta-feira, 7 de julho de 2010

Defina uma colher

Essa semana o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) apontou progressos na educação Brasileira. As escolas estão ensinando melhor; os alunos estão aprendendo mais e melhor, aponta a pesquisa.
Nos últimos dois anos, principalmente o Ensino Fundamental, melhorou nas regiões Sul e Sudeste; a meta do Governo Federal quase foi alcançada.
Mas como se conquista uma educação de qualidade?
Como se transforma uma sociedade?
Voltando os olhos dessa própria sociedade para a educação; o principal pilar de sustentação de um povo.
Daí a necessidade de um governo preocupado com esse setor; as propostas pedagógicas de melhoria; os avanços na qualidade de ensino, os professores motivados em sua função; os alunos interessados e freqüentando a escola; a própria sociedade fazendo aquilo que deveria ser competência do governo, através de ONGs, Projetos Sociais e participações voluntárias dentro da própria rede de ensino.
Quem sabe assim, lá no ainda muito distante ano de 2021 o Governo Federal possa se orgulhar de dizer que meta foi alcançada.
Porém, para que alcancemos tal índice é necessário revermos tudo novamente agora.
Como está nosso ensino?
Como estão nossos alunos?
Como estão nossos pais no importante papel de intermediários entre comunidade/escola?
E mais importante: como estão nossos professores?

Um aluno de uma Escola Estadual conceituada daqui do centro de Uruguaiana levou para casa um tema onde apresentava a seguinte tarefa:
“Defina uma colher”
Solicito ao leitor: tente “definir” uma colher.
Se não conseguiu, mesmo no alto de seus conhecimentos, não é culpa sua; culpe o responsável pela elaboração de tal atividade.
Agora imagine uma criança de sete anos ter como tarefa de casa realizar a definição desse objeto. Sem base, sem recursos, sem lógica, como querer definir uma colher.
Me atrevo a dizer que quem deveria ser definido é a professora; se ela realmente é ou não é educadora.
Por isso vemos nossa educação tão falha; por isso somente em 2021 talvez consigamos alcançar a meta que beira os níveis de educação européia; por isso o número crescente de analfabetos funcionais com diplomas de ensino médio e alguns com diplomas de graduação; e por isso o Brasil assim: indefinido na área da educação.
A educação se mede pelo educador.
Se aluno não está sendo bem avaliado é hora de se avaliar o professor.
E são os educadores – e não só os alunos – que devem ser constantemente avaliados. Assim podemos definir o futuro da nossa sociedade e não uma colher.