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domingo, 27 de setembro de 2009

Rádio em tarde de chuva

Não se trata da sensação de Deja Vu; trata-se da ironia que e do sarcasmo que destino tem comigo.
São em momentos de emoção sensível que ao acaso sou surpreendido por uma música que instantaneamente ficará grudada pra sempre em minha memória.
Foi assim numa já distante tarde chuvosa de domingo de 2001. Com alguns amigos tomando mate comigo na frente de casa, liguei o rádio e escutei uma música que acentuou aquele momento gris que já naquele presente momento deixava tons de nostalgia.
Ali nós amigos ficamos presos à música que dizia de alguém “se despedia de seu amor”, que estava “sozinha no esquecimento”, que “seus olhos se encheram de amanheceres”.
A música EN EL MUELLE DE SÁN BLAS - MANÁ, naquela tarde, marcou nossa juventude.



Anos depois, novamente numa tarde de domingo chuvosa, o mesmo destino debochado me fez levar a mão ao rádio para outra vez ser vítima de uma música que marcou de forma indelével outro momento. Os amigos presentes pararam o mate, deram pausa no jogo e escutaram comigo uma música em que a letra pede que a pessoa “vá embora antes que a dor machuque mais seu coração” e que “mesmo que tenha que chorar pra aprender” fará de tudo pra esquecer.
A música SEPARAÇÃO – EXALTASAMBA marcou outra tarde em que o rádio não deveria ter sido ligado.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Passa a Semana Farroupilha, mas o sentimento deve permanecer.


Não tenho o que tirar nem o que acrescentar ao post anterior do meu amigo (e ex-colega de escola) Mundano. Confesso que já tive intenções de escrever justamente sobre esse assunto mas o pouco tempo que tenho de lazer – entre uma atividade educacional e outra – me obriga a estar na presença do meu filho. Por isso deva-se esse relativo desleixo que ultimamente tenho dado ao Blog.
Mas eu passei por essa Semana Farroupilha de 2009 como nunca havia passado. Ao contrário de muitos, que ostentam bombacha, bota e lenço apenas nesse período, eu nem “gaúcho de apartamento” fui. Usei tênis, moleton e até boné. Tudo para mostrar que não se vive a tradição apenas em datas comemorativas. Não se é gaúcho apenas para os outros, se exibindo nas vestimentas; se é gaúcho consigo próprio primeiramente.
Sempre desfilei, tive bons cavalos, bons arreios e gosto da lida campeira. Ultimamente (mais precisamente 3 anos) fui me afastando devido à profissão que cada vez mais exige de mim um profissional dedicado com a causa que resolvi defender. Foi assim que eu percebi que hoje eu defendo tanto a bandeira da educação assim como a do Rio Grande. Vivo para os alunos, mesmo sendo – ás vezes – incompreendido pela família. É o legado que quero deixar para as futuras gerações: educação como palanque para um mundo melhor.
Nem por isso deixei de lado o sentimento altaneiro de ser gaúcho. Hoje já não desfilo mais; os arreios estão atirados num canto do escritório, os cavalos que outrora tive já se foram para o “campo santo”, mas sigo a ostentar o lenço colorado e uso sempre que possível as bombachas que são símbolo da nossa estampa de campeiro. Meu mate está sempre cevado e pronto pra alcançar ao amigo que vier compartilhá-lo comigo numa manhã ou final de tarde.
E meu orgulho de ser gaúcho? Ahhhh, esse irá junto comigo até o dia em que a magra da foice me chamar; e mesmo assim permanecerá viva a chama do homem do sul por muitas outras gerações, pois deixarei de herança para meu filho o orgulho de ser gaúcho.

domingo, 20 de setembro de 2009

Meu amigo Mundano reapareceu

Ele é assim; um amigo dos tempos de escola que usa esse pseudônimo e sempre que manda alguma colaboração na mesma hora aeu posto aqui no Blog. Pois assim como eu me considero um "Provinciano", ele se intitula um "Mundano".


Hoje estou azedo! Vou logo avisando!
Estava de manhã, tomando café e escutando rádio antes de sair de casa.
De repente, numa dessas rádios de nossa cidade, o propagandista de uma rede de supermercados, em meio a anúncios de produtos e preços - sempre os mais baratos! - anunciava que estava chegando a Semana Farroupilha.
Em meio a chamadas e promoções, o infame comentário: "Está chegando a Semana Farroupilha! Agora é que aparecem os 'gauchinhos de apartamento'".
Fiquei pensando naquilo... já me vieram à cabeça outros adjetivos que ouvi: "gauchinho de lareira", "gauchinho de feriado", "gauchinho perfumado" e por aí afora. Todos eles, descabidos, obviamente.
Então, rapidamente, refleti sobre qual o sentido que "ser gaúcho" tem para algumas pessoas. Gaúcho seria aquele que dedica todo o seu dia à lida no campo? Aquele que todos os finais de semana arranja uma forma de "ir pra fora"? Aquele que vive em rodeios universitários?
E cheguei a conclusão de que qualquer uma dessas definições, isolada, não é capaz de definir o sentimento que é ter nascido nesta terra e sentir orgulho disto. Ser gaúcho é mais do que botas sujas todos os dias. Cada um, ao seu jeito, tem uma forma de manifestar o seu amor pelo Rio Grande e, se não o manifesta, tem o seu modo de sentir. Estereótipos de gaúcho não combinam com os já conhecidos de outras regiões (manézinho da Ilha, pitt bull do Rio e por aí). Não existe razão para um aparteid cultural ou sentimental entre urbanos e rurais, centrais e suburbanos, ricos e pobres, negros e brancos, ao menos quando se fala em espírito farroupilha.

O Rio Grande do Sul começou no campo; a vida era no campo. E por isso, a figura tradicional e aclamada do homem do campo. Os grandes fazendeiros, titulares das posses, da riqueza e das grandes propriedades, em verdade, sabe-se lá (aqui tenho a humildade de consultar os historiadores) se faziam da bombacha e da guaiaca uma vestimenta insubstituível.
Foram os bravos homens do campo, guiados por ideais de liberdade e pouco providos de riquezas que sangraram nos pampas gaúchos. Por isso, não venham me dizer que sou obrigado a ter campo, criar cavalos e gado, viver "na lida" do campo para ter conferida a possibilidade de, na semana farroupilha, colocar minha bombacha, minha camisa e meu perfume e "corretiar" pelos piquetes e CTGs de Uruguaiana. Tenho amigos que são estancieiros e acho o máximo! Absolutamente nada contra, muito pelo contrário, só tenho a favor. Vivo com eles a satisfação de poder desfrutar de momentos de verdadeira homenagem à beleza, de cultivo às tradições,de tranquilidade e de todo o resto que a campanha proporciona.
Mas eu, vivo "em apartamento", gosto de uma "lareira". Entrentato, cultivo muito mais as tradições da minha terra, me emociono e muito quando ousso o hino do Rio Grande, sou guiado todos os dias pela retidão de caráter que penso deva ter um homem desta terra, muito mais do que muito "gaúchinho de ano inteiro", que vive de estilos, modismos e oportunidades, ocultando na pilcha a ausência de uma possibilidade mais autêntica de revelar a personalidade.
Não digo com isso que sou melhor, mas com certeza não sou pior. E atenção "gauchinhos de ano inteiro": o gaúchinho de feriado tá saindo de casa, bem mal intencionado! Vai bailar um chamamé, tomar um belo dum trago e, bem perfumado, vai arrastar uma china "loca" de linda pra perto da lareira, aquela que tem no apartamento, lembra? Ainda bem que chove em Uruguaiana...
Grande Mundano. Volte sempre !!!