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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

TENHO PENA DE PESSOAS QUE POSTAM FOTOS COM A LEGENDA "DE COPO SEMPRE CHEIO, CORAÇÃO VAZIO"

Ainda não havia parado para prestar atenção neste novo "hit" musical, mas percebi que muitas pessoas estavam utilizando o refrão para legendar publicações e fotos em redes sociais. Atraído pela curiosidade, resolvi entender a letra desta música, e me surpreendi com o significado que ela parece representar na vida das pessoas que a utilizam como lema.

Que os corações estão vazios, isso há muito tempo eu sei. Amor de verdade é artigo raro em nossa sociedade. Nem por isso é motivo para crer que nunca mais amará novamente. Somente pessoas fracas desistem logo no primeiro fracasso.
Porém, preferir um copo cheio de bebida como justificativa para suas frustrações amorosas me faz sentir pena de quem prefere o refúgio da bebida à coragem de tentar amar novamente. Afinal, ninguém vai encontrar a felicidade num copo de bebida.


Se for para encher o copo, que seja de esperança.
Mas por favor, nunca deixe seu coração esvaziar.

domingo, 12 de outubro de 2014

O TEMPO DE SER CRIANÇA (para Dartagnan Duarte II)

Meu filho,
Caminhe por esta tua infância. Deixe que teus primeiros passos sejam lentos neste teu alvorecer de vida. Não tenha pressa de crescer. Viva este teu mundo dourado; ainda não pense tanto no amanhã; viva este presente em forma de presente. Pois quando piscares os olhos novamente, apenas terás a lembrança de uma época bonita, e a saudade de um passado de candura.
Aproveite a pureza destes momentos; descubra, na inocência de tua curiosidade infantil, o mundo azul que só teus olhos de criança conseguem enxergar. Só assim eu também conseguirei, nesta máquina do tempo que tu me proporcionas, voltar à minha aquarelada infância, guardada numa caixa de lembranças, e que só abro quando brinco contigo.
Brinque; se divirta por entre os anos.
Perca o fôlego rindo, grite de alegria.
Beije sua mãe.
Abrace seu pai.
Aproveite ao máximo seus avós. 
e sentir fome, coma; se estiver cansado, descanse; se tiver sono, sonhe; sonhe o mundo que desejar e ele assim será, conforme tua imaginação permitir.
Voe alto, derrote os inimigos, salve o mundo e defenda os bons neste teu faz-de-contas de criança. Viva teus sonhos de super-herói.

E quando este tempo acabar, quando você se tornar adulto, volte à infância sempre que puder (só que agora com teu filho) e lembre que mesmo que o tempo passe depressa, somos nós que decidimos se deixamos ou não de ser criança.

https://www.facebook.com/video.php?v=638185752914615

domingo, 21 de setembro de 2014

RIO GRANDE (mais que uma data)

Esta terra, de longa e brava história, não resume apenas a uma Revolução.
Nosso passado repleto de glórias e bravura deixou escrito nas páginas da história os feitos deste povo que sempre lutou pela defesa de sua mátria, morreu peleando por um ideal, e renasceu, toda vez que precisou proteger esta terra.

Assim Sepé lutou em 1750, defendendo a terra de seus ancestrais, contra os exércitos luso-espanhóis, e morreu peleando, de lança firme na mão.

Assim foi em 1835, quando um império nos enfrentou; e o sangue farrapo conteve seus avanços por dez anos.
Assim novamente foi em 1865, quando expulsamos o inimigo estrangeiro que nosso solo tentou macular. De perto o Imperador viu gaúchos renderem paraguaios, que nunca mais retornaram.
1893, 1923 e 1925, lutamos novamente, desta vez entre irmãos; e mesmo que separados ideologicamente, dos dois lados fervia o mesmo sangue revolucionário. Pedras Altas nos uniu novamente.
E, em 1930, irmanados, atravessamos o país para derrubar uma República e iniciar mais um capítulo na cronologia desta nação. Um gaúcho deixou seu nome na linha do tempo da história do Brasil.
Por isso tenho orgulho e, principalmente, gratidão por ser gaúcho.
Somos mais que uma data e uma festividade; somos o sangue e a honra daqueles que lutaram por nós e morreram em combate para permitir que hoje possamos dizer: "eu sou gaúcho!"
"Entre nós, reviva Atenas,
para assombro dos tiranos,
sejamos gregos na glória
e na virtude, romanos."


segunda-feira, 8 de setembro de 2014

PADRÃO DE VIDA DE UM METROPOLITANO E UM PROVINCIANO

   A discussão entre meu amigo uruguaianense que vive em outra cidade e eu começou por causa de uma foto de um hambúrguer da marca Burguer King.
  Ele mandou uma foto da comida servida pela multinacional - em embalagem requintada, acompanhada de batata frita e coca-cola – e eu retruquei brincando: “Prefiro um xis do João Pedro!”. (em tempo: qualquer outra boa lancheria de Uruguaiana também pode ser usada como referência)
   Estava, naquele momento, declarada uma guerra ideológica entre o metropolitano e o provinciano.
   Mais uma vez começamos a discutir o que Uruguaiana tem (ou não tem) e o que só se se encontra nas grandes capitais.
   “Aqui nós temos muito mais opções. Podemos fazer de tudo e ir a qualquer lugar. Não ficamos apenas dando volta na praça no final de semana e tomando mate. Se eu quiser, pego minha família e levo ao Shopping Center; lá comemos um Big Mac ou um Burguer King; depois, descemos de escada rolante (sendo que nem isso tem em Uruguaiana) e assistimos um cinema 3D. Nossa internet é 4G, postamos tudo em tempo real. Só aqui nós temos qualidade de vida que queremos.” Expôs o meu amigo metropolitano.
   Ainda tentei argumentar, explicando fatores como cultura local, comportamentos urbanos e aspectos sociais, que somente encontramos em nossas cidades de interior. Tudo em vão! Ele decididamente afirma (e está convencido) que sua metrópole é exemplo de qualidade e padrão de vida.
   Foi a primeira vez que eu desisti de uma discussão.
   Meu amigo continuava escrevendo pra mim através de seu I-Phone de última geração, utilizando sua potente 4G, destacando todas as tecnologias, recursos e possibilidades, e eu comecei a me questionar e refletir sobre o que, realmente, é “padrão de vida”.
   Será Padrão de Vida, para este amigo metropolitano, reunir toda família para passear no Shopping Center? Aquele grande ambiente fechado, onde pessoas que não se conhecem e, talvez nem se cruzarão novamente, transitam olhando vitrines, entrando em lojas, comprando tudo que o limite do cartão permitir (mesmo que nem cheguem a usar o que adquiriram), vivendo o novo “the american way of life” consumista, que destruiu a economia americana no final dos anos 20.
   Enquanto isso, aqui na província ainda praticamos aquele ofício retrógrado de, no fim de semana, visitar os parentes que gostamos. Obsoletos, mantemos o velho hábito de aproveitar um sábado de sol, sentando nas praças, cumprimentando os amigos que passam.
   Pra quem vive na metrópole existe o “poder de escolha” – sendo, ironicamente, todas elas unicamente americanas – entre comer um Big Mac, um Burguer King ou Subway ou uma Pizza Hutt, admirando letreiros onde a felicidade e o tamanho dos lanches parecem enormes, mas a realidade servida na bandeja é bem menor.
   Aqui no interior apenas nos limitamos ao churrasco de fim de semana em família, onde convidamos os amigos que trazem cerveja, e sempre alguma esposa faz a famosa salada de maionese.
   Felizes, as famílias metropolitanas assistem os lançamentos do cinema no cinema 3D, quase que interagindo com a tela fria do cinema e, ao final do filme, descendo a escada rolante, saem comentando sobre a ficção que em vida jamais terão.
   Resignados, à nós provincianos – que nem escada rolante temos – resta passear pela cidade e curtir o final de tarde de domingo, assistir o pôr-do-sol na beira do rio e fazer o mate passar de mão em mão durante uma conversa.
   No I-Phone do metropolitano, com sua internet 4G, ele guardará todas as fotos tiradas neste final de semana de alto padrão de vida que só a capital oferece.
    Na retina deste provinciano ficarão os momentos que eu vivi de fato, aqui no interior.
.
Depois de toda esta longa reflexão, quando me dei de conta, vi que havia deixado meu amigo sozinho no chat. Chateado por ter ficado escrevendo sozinho, me perguntou se eu ainda estava aqui, se não queria mais conversar ou se eu havia percebido o quanto é melhor morar na capital.
Não quis seguir debatendo; apenas disse que estava fazendo um arroz de carreteiro com charque.
Foi quando ele disse: “Bhá! Isso não temos aqui!”
...
   Pois é meu amigo! É que infelizmente, ao longo destes mais de 600 quilômetros que separam a tua metrópole do nosso interior, muita coisa se perdeu pelo caminho: principalmente CULTURA e VALOR.
   Este “padrão de vida enlatado”, que tu comes dividindo a mesa com estranhos, por melhor e maior que seja a marca, não tem gosto.
   Por isso ainda prefiro o xis do JP, onde encontro e cumprimento algum amigo. Ou ainda, o meu carreteiro de charque, que levarei uma prova pra minha vizinha, que por sinal é a tua mãe, pois ela me emprestou uma cebola.
   Coisas que só acontecem aqui, na província, onde o padrão de vida até pode ser baixo, mas permanece a nossa cultura, e os valores ainda são elevados.

domingo, 17 de agosto de 2014

A PAZ EM TEMPOS DE GUERRA (O NATAL DE 1914)


  Considerado como o evento mais significativo do século XX, “A Guerra das Guerras”, que durou de 1914 a 1918, deixou marcas tão profundas que todos os grandes fatos posteriores são consequência direta de seu efeito devastador.

A Revolução Russa, o totalitarismo que surgiu poucos anos após o armistício assinado em Versalhes, a Crise Mundial de 1929 e a Grande Depressão, a própria Segunda Grande Guerra Mundial e até a Guerra Fria são filhos da Primeira Grande Guerra Mundial, que matou vinte milhões de pessoas.
Enquanto aviões pela primeira vez eram usados em combates aéreos, submarinos e navios se torpedeavam em alto mar e tanques liquidavam infantarias inteiras em terra (configurando uma “guerra total”), nas trincheiras fétidas e enlameadas as doenças e os horrores marcariam pra sempre a vida daqueles que sobreviveram a este flagelo. Em carta, um anônimo soldado alemão descrevera o que viveu:
“Estamos tão exaustos que dormimos, mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não seremos substituídos. Os aviões lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas – pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de água. É o próprio inferno.

J.R.R. Tolkien, na época apenas um jovem oficial britânico, previu durante a guerra: “Minha principal impressão é que alguma coisa se quebrou pra sempre”.

* * *
Em meio ao caos do conflito, no inverno europeu de 1914, na véspera do Natal, das trincheiras francesas e inglesas era possível ver nas trincheiras alemãs pequenas árvores enfeitadas com velas. Cânticos começaram a ser entoados dos dois lados do front, e por algumas horas a “Terra de Ninguém” foi palco de uma cerimônia natalícia. Confraternizados, soldados dos dois exércitos trocavam cigarro, apertavam as mãos e bebiam whisky.
Cem mil homens propuseram uma trégua não oficial para comemorar o nascimento de Cristo.
Há cem anos, quem viveu aquela noite de Natal nas trincheiras percebeu, naquele momento, que mesmo em meio a guerra - com todo seu terror - a paz sempre busca uma forma de prevalecer.
* * * 

terça-feira, 24 de junho de 2014

O PRIMEIRO AMOR NÃO FOI ON-LINE

Meu primeiro amor não surgiu de um clique numa rede social; não nos conhecemos de fora pra dentro, através de conversas em chats; meu primeiro amor não despertou através de mensagens de celular; não se originou de uma curtida; meu primeiro amor nasceu aos poucos, lento como internet de 56kb - e que sequer usávamos-.
Estudávamos na mesma escola onde nossas mães lecionavam.
Quando nos conhecemos ela estudava na primeira série, na turma onde minha mãe dava aula; eu estava na terceira série, na turma ao lado da sala de aula onde a mãe dela era professora.
A primeira vez que conversamos foi numa tarde de outono, quando voltávamos todos de carona no carro de outra professora e sentamos um do lado do outro. Não lembro ao certo quem sorriu primeiro para o outro (acredito que tenha sido ela, dado o meu nervosismo), assim como não lembro quem falou primeiro. Só lembro de me despedir dela através do para-brisa do carro após ela e a mãe dela terem descido primeiro.
Naquele mesmo ano eu dancei com ela na festa junina. Foi a primeira vez que percebi o verde dos olhos dela.
Graças à amizade entre nossas mães, fui convidado para o aniversário dela. Quando entreguei o presente pra ela, ganhei um abraço meio forçado dela, depois de ter ouvido da sua mãe: “Agradeça ao presente, minha filha!”. Mas naquela tarde ela fez questão de me mostrar toda casa e deixou de dar atenção aos outros convidados para brincar por mais tempo comigo. Antes de ir embora, ainda tiramos uma foto, sentados no sofá, sob os olhares sugestivos de nossos pais. (Felizmente – ou infelizmente – perdi a tal foto, meu rosto de vergonha era digno de pena).
No final daquele ano nossos caminhos se descruzaram e passei alguns anos sem vê-la.
Eu já estava no primeiro ano do ensino médio quando a reencontrei.
Era outono novamente e eu voltava pra casa com alguns amigos quando passei por ela na rua e a reconheci. Ela me olhou e sorriu; eu apenas perdi a noção de tempo e espaço; sem conseguir lhe dizer uma palavra, ainda tive que voltar pra casa sob risadas dos amigos que se divertiram com a cena.
Não haviam meios de comunicação como hoje (internet, celulares, sms), poucas eram as casas que tinham telefone fixo. Mas eu ainda lembrava do endereço da casa dela. Escrevi uma carta, atravessei a cidade de ônibus e deixei o envelope na janela do quarto dela, que fazia frente pra rua. Um mês depois encontrei um bilhete na porta da minha casa. Assim seguimos por meses conversando quinzenalmente, através de cartas que, envergonhadamente, eu enviava por um vizinho meu, que eu pagava com pacotes de bolachinhas cada ida dele. Meses depois descobri que ele não fazia aquele favor por causa das bolachinhas; ele também havia se apaixonado por ela e via naquela oportunidade uma forma de dizer oi pra ela.
Um dia combinamos de nos encontrar em uma lanchonete. Eu cheguei quase uma hora antes do combinado; ela chegou na hora. Nunca comi um cachorro quente tão devagar, para aproveitar o tempo; ela, envergonhada, comeu apenas metade. O pouco que conversamos foi sobre nossas mães e as matérias que estávamos estudando na escola. Depois acompanhei ela até metade do caminho, para evitar que sua mãe nos visse (mesmo ambas as mães sabendo de nosso encontro).
Naquele mesmo mês fomos num baile de gala no Tênis Club. Ela desceu do carro usando um vestido verde; eu pela primeira vez usava smoking.
Durante toda festa as únicas duas conversas que tivemos foram iniciadas por mim e sem muito diálogo entre as partes:
“- Vamos comprar um guaraná?” Perguntei. “- Vamos!” Respondeu ela.
“- Acho que já está tarde, queres ir embora?” Consultei. “Vamos!” Respondeu novamente ela.
O ponto alto da noite foi a hora que segurei da mão dela para atravessarmos o salão e sairmos da festa.
Paguei o taxista e pedi que lhe deixasse em casa. Não sabia que ao entrar naquele taxi eu não a veria por mais dois anos.

Eu já estava concluindo o ensino médio quando alguns amigos me convidaram para uma festinha de garagem que os jovens da nossa época faziam. Qual a minha surpresa, quando vi que a festa era nos blocos onde ela morava.
Assim nos reencontramos e – pela primeira vez – conversamos por horas. Naquele mesmo final de semana, ela convidou algumas amigas e veio com elas, conversar com a minha turma que sempre se reunia numa esquina de perto de casa aos domingos. Algum amigo estava escutando Legião Urbana no seu walkman quando ambos dissemos ao mesmo tempo gostar de Legião.
Quando ela foi embora chamei ela e pedi um beijo; ela disse que não podia e saiu apressada.
Meu domingo foi tão melancólico quanto o trecho “Quem inventou o amor? / Explica, por favor” da música de Renato Russo.
Porém na outra semana eu estava saindo de casa quando vi um bilhete entrando por baixo da porta. Era ela! Esperei ela sair apressada, enquanto olhava pelo “olho mágico” da porta e abri aquele bilhete com um pedido de desculpas e perguntando quando poderíamos nos ver. Saí correndo, a tempo de alcança-la na parada de ônibus, antes que o coletivo chegasse e a beijei.
Um beijo que no suspiro de algum de nós, fez meus óculos de embaçar. Parei para limpar os óculos e quando vi ela já estava dentro do ônibus, me acenando tchau.

Por mais alguns meses continuamos nos vendo; eu a buscava da escola, nos encontrávamos aos finais de semana, lhe acompanhava a pé até em casa e, por mais que eu force a memória, não consigo lembrar como terminou nosso curto namoro.
Continuei a vê-la eventualmente na rua; certa vez vi ela numa festa; anos depois vi passar por mim com sua filha no carrinho de bebê. Por fim, nunca mais a vi. Nunca mais soube notícias dela. São os vieses da vida que nos distanciaram. Uns chamam de destino; eu chamo de “caminhos”.

O amor que eu vi nascer e crescer ao longo de anos, lento e gradual, me fez refletir sobre esta pressa e falta de amor nos dias de hoje. Pulam-se etapas, acelera-se um sentimento que por vezes, prematuro, nem chega a existir. Rapidamente substituímos pessoas e, por fim, não amamos, apenas enganamos o sentimento com falsas emoções de momento, fugazes, efêmeras, passageiras, e que não deixam marcas em nós.
Afinal, o amor deixa marcas. Marcas da lembrança um olhar na escola, marcas do som de um primeiro “oi”, marcas de um bilhete enviado e respondido, marcas ao recordar da primeira vez que pegamos a mão de uma pessoa, e marcas de um primeiro beijo com suspiros. E mesmo que não tenha dado certo, permanecerá marcado na memória, como quando toca aquela música que nos faz lembrar daquela pessoa.
Se não marcou, é porque não foi amor; foram apenas mensagens, sms, cliques e touchs, que ficam ali, temporariamente armazenadas em alguma memória virtual, e quando não as queremos mais, esvaziamos a pasta, deletamos e jogamos na lixeira.
Meu primeiro amor não conheceu mundo virtual, on-line.
Meu primeiro amor foi real, off-line.
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Naquela mesma época, um seriado norte-americano embalava minhas tardes:

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

10 ANOS DE FACEBOOK E DESCOBRI QUE O MUNDO É BOM (mas apenas no facebook)


A internet e, posteriormente, os meios de comunicação através das Redes Sociais, modificou a forma de vida da humanidade. A vida das pessoas, que antigamente era pautada pelo que elas faziam "lá fora", hoje é analisada pelo que elas fazem "aqui dentro." E nessa VITRINE PESSOAL VIRTUAL todas as pessoas são perfeitas em pensamentos, ideologias e ATITUDES QUE NÃO PRATICAM.


FULANO COMPARTILHOU IMAGEM "SALVE OS ANIMAIS"
Mas passa pela rua e ralha com aquele cachorro veio lhe cheirar.

BELTRANO POSTOU "É PRECISO AMAR AS PESSOAS COMO SE NÃO HOUVESSE AMANHÃ"
Frase que ouviu numa música e achou muito bonita. Mas não ama nem seus parentes e briga em casa com os pais; além de sempre dizer odiar o vizinho que nos fins de semana escuta Legião Urbana alto demais.

SICRANO CLICOU EM "PARTICIPAR DO EVENTO - MOVIMENTO POR UM BRASIL MELHOR"
Segundo ele, diz estar cansado da corrupção no Brasil e toda a sujeira que vê por aí. Porém, no final de semana furou a fila de entrada na balada; e toda vez que come alguma coisa na rua joga o papel no chão. Sicrano só clicou em participar do evento; MAS NÃO FOI. Sicrano se considera um revolucionário.

JOSÉ É UM JOVEM FERVOROSO DEFENSOR DE UMA IDEOLOGIA. CURTE FAN-PAGES DE SEUS MÁRTIRES E CHEGA SER CHATO DE TANTO QUE DISCUTE POSTAGENS CONTRÁRIAS A SUA LINHA DE PENSAMENTO.

José apenas lê seus livros e discursa com veemência no facebook. Enquanto isso, no bairro dele, pessoas passam necessidade e o jovem político nada faz.
José acha que mudará o mundo com seu mouse.

ASSIM TAMBÉM, MARIA AJUDA CRIANÇAS POBRES. ELA CLICOU NUMA FOTO PUBLICADA QUE DIZ QUE O FACEBOOK DOARÁ 05 CENTAVOS ÀS CRIANÇAS NA IMAGEM PARA CADA CURTIDA NA FOTO.

Porém, Maria, que uma vez por ano participa de eventos beneficentes para crianças, evita se aproximar de crianças pobres com medo de pegar piolho. Se na cabeça daquelas crianças tem piolho, na de Maria tem preconceito velado.

É por isso que o facebook é tão hipocritamente lindo.

DIARIAMENTE VEJO O MUNDO CADA VEZ MAIS BELO PELA JANELA DO NAVEGADOR DA INTERNET E CADA VEZ MAIS PODRE PELA JANELA DO MUNDO.

MENOS PALAVRAS
MAIS ATITUDES