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terça-feira, 10 de agosto de 2010

OS FILHOS AFORTUNADOS


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Eles não queriam a guerra.
Os jovens norte-americanos da década de 60 viviam uma liberdade até então desconhecida por eles mesmos; e ver seus amigos retornarem em sacos fúnebres fez com que não só os hippies, como toda a sociedade percebesse que aquela guerra contra o distante e minúsculo Vietnã era irracional.
A guerra que iniciou em 1959 e se arrastou até 1975, vitimou mais de 50 mil soldados americanos e deixou uma das mais profundas manchas na história dos EUA.
Para apoiar o governo do sul do Vietnã, os EUA enviou tropas para combater os comunistas insurgentes do norte sem saber que iniciava-se ali a mais vergonhosa participação norte-americana em guerras. Por que ao longo de seus quase quinze anos, o dinheiro gasto para sustentar tal conflito, somado ao número de pessoas envolvidas criou na sociedade americana uma sensação de vitória derrotista; pois, para derrubar um micro regime comunista, o mega governo capitalista quase ruiu. O saldo, foram as dezenas de milhares de mortes. Mas estas perdas não podiam atrapalhar nem impedir a disputa de âmbito mundial daquele período de guerra-fria.
Do outro lado da história estavam os jovens de classe media americana que foram designados para combater nas florestas asiáticas. A princípio o sentimento de nacionalismo prevaleceu, quando Lyndon Johnson justificou ser necessária a intervenção a fim de auxiliar na liberdade e democracia daquele país. Mas com o passar dos anos e com a baixas militares, a população se revoltou contra o governo yankee e aquele pretexto pífio que foi mantido pelo segundo presidente envolvido naquela disputa político/militar. Richard Nixon intensificou a Guerra do Vietnã.
Durante o conflito, em meio ao quadro de derrotas, um consenso popular se criou dizendo que: "a responsabilidade pelo fracasso desta política, cai nos ombros não dos homens que a lutaram, mas nos daqueles do Congresso dos Estados Unidos.”
E foi contra aquele mesmo Congresso, que se beneficiou de guerra e que enviou milhares de jovens para morrer num combate insano, que no auge da guerra, uma banda de rock criticou fortemente estes congressistas.
Creedence Clearwater Revival, compôs “Fortunate Son” para mostrar que a guerra foi criada pelos poderosos congressistas, mas feita por pessoas comuns da classe média norte-americana que deram a vida pelo sonho de liberdade e democracia.
Mas os "afortunados filhos", estes, não morreram pela pátria.

Alguns nasceram para agitar a bandeira
Elas são vermelhas, brancas e azuis
E quando a banda toca "Saudação ao Chefe"
Eles apontam os canhões para você, Senhor

Não sou eu, não sou eu
Eu não sou filho do senador, não
Não sou eu, não sou eu
Não sou nenhum felizardo, não

Alguns nasceram com colher de prata na mão
Senhor, eles não se ajudam
Mas quando o coletor de impostos chega na porta
Senhor, a casa parece como um bazar de caridade

Não sou eu, não sou eu
Eu não sou filho de um milionário, não
Não sou eu, não sou eu
Eu não sou nenhum felizardo, não

Alguns herdam estrelas reluzentes
Eles mandam você para a guerra
E quando você pergunta a eles:
"Quanto devemos dar?"
Eles apenas respondem:
"Mais! Mais! Mais!"

Não sou eu, não sou eu
Eu não sou filho do senador, não
Não sou eu, não sou eu
Não sou nenhum filho de felizardo, não