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domingo, 17 de agosto de 2014

A PAZ EM TEMPOS DE GUERRA (O NATAL DE 1914)


  Considerado como o evento mais significativo do século XX, “A Guerra das Guerras”, que durou de 1914 a 1918, deixou marcas tão profundas que todos os grandes fatos posteriores são consequência direta de seu efeito devastador.

A Revolução Russa, o totalitarismo que surgiu poucos anos após o armistício assinado em Versalhes, a Crise Mundial de 1929 e a Grande Depressão, a própria Segunda Grande Guerra Mundial e até a Guerra Fria são filhos da Primeira Grande Guerra Mundial, que matou vinte milhões de pessoas.
Enquanto aviões pela primeira vez eram usados em combates aéreos, submarinos e navios se torpedeavam em alto mar e tanques liquidavam infantarias inteiras em terra (configurando uma “guerra total”), nas trincheiras fétidas e enlameadas as doenças e os horrores marcariam pra sempre a vida daqueles que sobreviveram a este flagelo. Em carta, um anônimo soldado alemão descrevera o que viveu:
“Estamos tão exaustos que dormimos, mesmo sob intenso barulho. A melhor coisa que poderia acontecer seria os ingleses avançarem e nos fazerem prisioneiros. Ninguém se importa conosco. Não seremos substituídos. Os aviões lançam projéteis sobre nós. Ninguém mais consegue pensar. As rações estão esgotadas – pão, conservas, biscoitos, tudo terminou! Não há uma única gota de água. É o próprio inferno.

J.R.R. Tolkien, na época apenas um jovem oficial britânico, previu durante a guerra: “Minha principal impressão é que alguma coisa se quebrou pra sempre”.

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Em meio ao caos do conflito, no inverno europeu de 1914, na véspera do Natal, das trincheiras francesas e inglesas era possível ver nas trincheiras alemãs pequenas árvores enfeitadas com velas. Cânticos começaram a ser entoados dos dois lados do front, e por algumas horas a “Terra de Ninguém” foi palco de uma cerimônia natalícia. Confraternizados, soldados dos dois exércitos trocavam cigarro, apertavam as mãos e bebiam whisky.
Cem mil homens propuseram uma trégua não oficial para comemorar o nascimento de Cristo.
Há cem anos, quem viveu aquela noite de Natal nas trincheiras percebeu, naquele momento, que mesmo em meio a guerra - com todo seu terror - a paz sempre busca uma forma de prevalecer.
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