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segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um peso e uma medida

Um blog serve como um expositor de idéias de seu autor; é nele que o escritor divaga, dá vazão à sua imaginação, expressa suas críticas e externa seu ponto de vista.
Foi com esse intuito que criei o “Blog do Provinciano”.
No Blog há um espaço reservado aos comentários; onde os leitores da página deixam suas críticas (apreciativas ou depreciativas). Seria como o direito de réplica que o leitor tem sobre o tema escrito pelo blogueiro.
Essas críticas (sejam elas boas ou ruins) sempre vem de uma maneira interessante, porque elas servem como forma de expressão daquele que lê, equilibrando pontos de vista e criando um diálogo entre o escritor e o leitor.
Mesmo assim, algumas vezes os comentários acabam sendo – digamos assim – “exasperados” demais para uma simples forma de expressão bloguistica, nos forçando à uma tréplica sobre o comentário anterior (e isso faz parecer aqueles debates políticos em véspera de eleição).
Justamente sobre política e as ideologias é que se sustenta esse meu direito de tréplica.
No comentário da postagem anterior, quando escrevi sobre feriados e diminuição do PIB (em decorrência desse mau-hábito brasileiro), fui acusado de ser um escritor tendencioso e “formador de opiniões”, por usar esse meio de comunicação e também por ser um professor, que (no ponto de vista do comentário) acabo influenciando leitores e alunos a seguirem minha linha de raciocínio sobre os fatos históricos e acontecimentos recentes no Brasil e no mundo.
Durante todo o curso de graduação, fui perseguido como que pela Santa Inquisição por professores que queriam incutir, em nós alunos, ideologias que são suas, opiniões próprias e apologias partidárias como se aquelas fossem as verdades únicas, sem permitir à nós alunos o direito de escolher que pensamento seguir (meus ex-colegas de curso, que lerem isso lembrarão muito bem os duelos travados por causa de Auguste Comte, Karl Marx e Cia. Ltda. onde nos eram pré-ditos qual corrente seguir). Mesmo assim, na academia esses “formadores de opinião” lidavam com adultos. Não eram todos que se deixavam levar por marxismos salvadores; inclusive eu.
Dessa fábrica de educadores politizados (poderia até aproveitar o trocadilho e escrever: politizados/influenciados/bitolados/moldados) as escolas estão hoje repletas de professores que levam sua ideologia – construída na faculdade – para crianças e jovens; e nesse ambiente de aprendizagem, onde o professor tem uma figura importante e de destaque ele vai desde cedo doutrinando aquelas jovens mentes e conduzindo-os para o seu ponto de vista, para a sua opinião. Os “formadores de opinião” da faculdade criam “formadores de opinião” em escolas da rede pública disseminando e proliferando apenas um modo de ver as coisas e, por fim, ninguém mais tem opinião formada, mas sim seguidores de alguém que lhes ditou como pensar.
O Blog está na internet para quem quiser ler; com direito à comentários (sejam eles qual forem). Existem também muitos outros blogs que divergem do meu modo de pensar e nem por isso os alcunho de “formadores de opinião”, afinal, cada um tem o direito de se expressar de acordo com seu pensamento.
Mas em sala de aula, gostaria de deixar muito bem claro, que nunca fui um formador de opinião e tampouco externo minhas ideologias políticas à alunos ou colegas; lhes ofereço o direito de escolher, pois no processo de ensino-aprendizagem não devem existir dois pesos e duas medidas. É por isso que educar é uma arte: requer empenho, dedicação, amor ao que se faz ao mesmo tempo em que nos obriga a não conciliar sentimentos pessoais e posicionamentos próprios.

Não me considero um formador de opinião, mas me orgulho em dizer que tenho opinião formada.

João de Almeida Neto já diria:
“Me chamam de Boca-Braba,
Esta gente está enganada;
Eu tenho é boca de homem,
E tenho opinião formada.”


domingo, 19 de abril de 2009

Tudo está tranquilo! Está mesmo? (Calma, é feriado)

A semana no Brasil e no mundo foi de calmaria.
Não se falou tanto nos jornais e tele-jornais em Crise Mundial, conflitos ou em Aquecimento Global.
Parece que essa semana foi a semana mais tranqüila de 2009.
A semana no Brasil e no mundo foi de calmaria.
Não se falou tanto nos jornais e tele-jornais em Crise Mundial, conflitos ou em Aquecimento Global.
Parece que essa semana foi a semana mais tranqüila de 2009.

Obama parece estar ajeitando a economia de seu país e, por conseqüência, a economia mundial.
(Na foto ao lado, Obama e Chavez se cumprimentam na Reunião da Cúpula das Américas, num gesto de amizade entre duas nações antes quase inimigas)

Conflitos pelo mundo a fora estão cada vez mais enfraquecidos e tudo indica que estamos caminhando para uma paz global.



Na America Latina, calmaria entre os países; coisa que em 2007 e 2008 não houve.

No Brasil... ahhh no Brasil!
Aqui está tudo muito bem, tudo muito bom; obrigado por perguntar.
Não se fala mais em corrupção em Brasília. “Esso no ecxiste!” (diria o Padre Quevedo).
CRISE? Alguém sabe o que é isso? O Lula – come de habitue – diria que “não sabe de nada”.
Chegamos ao ponto de sermos requisitados pelo FMI para emprestar dinheiro para países com dificuldades financeiras. US$ 4,5 milhões de dólares. Significa que no país a vida está boa, tranqüila, “light”.



Mas esse ano, devido aos feriadões prolongados, teremos uma redução do PIB de até 5%. Ano que vem teremos ressarcido esse empréstimo aos amigos pobres?



Está mesmo tudo tranqüilo? Ou a crise deu uma cochilada?
Cochilada deram os economistas brasileiros, mas é de se entender; feriadões são feitos para se descansar e eles certamente devem estar cochilando.

Eu só estou escrevendo essa matéria porque estou aproveitando o feriadão.
Escreverei novamente no próximo... não vai demorar tanto. Esperem.



Bom feriado.

domingo, 12 de abril de 2009

DESPOTISMO, DEMAGOGIA; NOBRES E PLEBEUS; TODOS PODEM SER ENCONTRADOS EM URUGUAIANA

Uruguaiana, esta longínqua cidade brasileira que está mais pra Argentina do que Brasil (geograficamente citando) consegue alternar em sua sociedade várias fases da história da humanidade, tanto no sentido social como no político. Aqui pode se exemplificar a história através das figuras públicas e cenários locais que fazem paródia à personagens e momentos que marcaram o Brasil e o mundo.
Somente aqui encontramos ainda, aristocratas em pleno descenso financeiro; auto-intitulados “lordes”, que outrora esbanjavam riquezas e que hoje buscam manter a pose e sua “finesse” para contentar, em eventos públicos ou em festas sociais, outros decadentes aristocratas numa forçosa tentativa de “manter as aparências”. Uma verdadeira alusão às cortes da Inglaterra e França do século XVIII.
Em Uruguaiana encontramos comerciantes reunidos em tendas, vendendo os mais diversos produtos e especiarias (hoje menos comestíveis e mais utilizáveis, sob a forma de objetos eletrônicos) para aqueles viajantes que de longa distância, de outras culturas, outras etnias, vem buscar para depois revender em seus povos. As Índias dos tempos modernos.
Aqui, Carlotas Joaquinas desfilam extravagâncias e luxo, gastando tempo e dinheiro entre salões de beleza, boutiques e perfumarias, enquanto seus Dons Joãos se dividem entre pagar contas e equilibrar-se diplomaticamente entre Inglaterras e Franças a lhe cobrar. Deve se lembrar que a Carlota Joaquina histórica gostava de “experiências” diferentes – não poderia ser diferente com algumas das Joaquinas locais.
Temos em Uruguaiana muros que separam bairros; dividindo com suas telas de arame o centro da cidade (o âmago do capitalismo), da periferia (aquilo que esse mesmo sistema excluiu). Quem é de fora do bairro não entra, com medo daquele que pede a esmola ou, ainda, daquele que faz da arma a forma de esmolar. Aquele que está dentro, confinado pelo processo de exclusão social, luta para sobreviver; porém, cada vez mais, o muro fica mais alto e a vida - dentro destes que parecem os Guetos de Varsóvia durante a Segunda Guerra Mundial - fica cada vez mais menos possível de se viver.
O auge do Império Romano se faz presente no cenário uruguaianense; contentar a plebe com a política do “Pão e Circo” é prática comum ainda hoje no Brasil e no mundo e não seria diferente nessa cidade cômico-histórica. Praças altamente iluminadas (e a conta disso descontado no bolso do contribuinte), passeios públicos, quadras esportivas e MUITO CARNAVAL, unido a projetos beneficentes para “aliviar” a dor da população carente, distraem a comunidade fazendo com que voltemos os olhos para essas futilidades públicas, sem permitir que enxerguemos os vários cânceres urbanos que assolam o município.
Por falar em carnaval (a maior das festas populares), nossa cidade tem um grande carnaval e nesse evento todos os segmentos da cidade se encontram – a bem da verdade é que muitos não se “encontram”, mas sim “se confrontam”. Maridos financiam esposas como destaques de escolas de samba; famílias da chamada alta classe – que antes evitavam misturar-se a plebe, hoje disputam para ter suas filhas como musas e rainhas de escolas de samba, e tantas outras coisas nessa disputa de vaidades que poderia ser tema para um próximo post. É o mesmo que o carnaval veneziano com seus bailes de máscaras; ninguém se reconhecia, mas todos sabiam quem estava presente e quem ali é nobre, fidalgo, infiltrado ou decadente.

Como não podia faltar, uma cidade como essa precisava de um governo caricatural também. Napoleão Bonaparte, que quis estender seus domínios e promoveu o Bloqueio Continental, pode ser citado na figura de um governante uruguaianense que inflexível, já quis arbitrar até na cidade vizinha de Paso de Los Libres. Bonaparte que fez do poder a arma para se promover com sua população unindo paternalismo e medo, aqui na cidade ressurge montando no seu cavalo acenando que “vencerá”, custe o que custar. Mussolini? Adolf? Bush Jr.? Até mesmo Vargas (que por sinal passava férias nessa cidade, quando cansado de governar e manipular politicamente o Brasil)? Sim, todos esses e muitos outros déspotas se enquadram no perfil de políticos locais. Sofre (ou se ilude) a pobre comunidade, a mercê desses tiranos. A oposição é amordaçada – obrigando a se viver num unipartidarismo típico dos nazi-fascistas e, em alguns casos, comprada com cargos de confiança, como na velha política ambígua que se fez notar durante o Governo Provisório de Vargas, que posteriormente foi trocada pelo ditatorial Estado Novo.

Mas o povo de Uruguaiana, mesmo assim, é feliz e esperançoso como o povo multi-étnico brasileiro. Esse povo é bravamente corajoso como os espartanos e leal como os romanos. Valente como a grande nação guarani e de galhardias e feitos heróicos como a brava raça gaucha.
Esse é o povo de Uruguaiana, que tem em sua sociedade tudo que a história do Brasil e do mundo pode contar. Feitos, passagens e personagens que merecem o rodapé da história. Mas a história é assim. Pois as vezes que as nuvens pesadas e escuras trouxeram consigo momentos turbulentos e tempestuosos que assolaram o mundo, sempre vieram depois momentos históricos de bonança que são lembrados com alegria e citados nos livros com muito mais ênfase.
Mas isso é outra história... uma história que ainda está a ser construída, em se tratando de Uruguaiana; cabe a mim e a cada um de nós cidadãos criarmos essa história. É possível, não é difícil e será lembrado; será histórico.