Num mundo onde a velocidade faz parte de nossas vidas, corremos a todo instante para cumprir as tarefas do dia-a-dia; aceleramos o ritmo da jornada de trabalho para concluir atividades; em disparate – assoberbados de compromissos – passamos pelo dia, sem que ele tenha passado por nós.
Realizamos as refeições rápido demais. Não relaxamos nos intervalos. Mesmo não sendo horário de pique, caminhamos com urgência. A agenda de compromissos nos exige cada vez mais; por isso, açodados, nos tornamos cada vez mais mecânicos e menos humanos.
Nossa vida está presa ao objeto que carregamos no pulso. Não vivemos mais; apenas sobrevivemos apressadamente.
Quando bate 18 horas de um dia normal de semana é possível perceber o quanto esta vida moderna nos comprime de forma funcional e menos sentimental.
Não damos “até amanhã!” para o colega. Não cumprimentamos o conhecido que passou por nós na esquina. Não retornamos a ligação que o amigo nos fez durante o horário de trabalho. Não respondemos a mensagem de celular que a namorada(o) nos mandou, dizendo “tenha um bom dia!”.
O dia passou, caminhou pelas suas horas, normalmente. E nós corremos, todos os minutos, loucamente.
Mas foi justamente na “Hora do Rush”, depois que um motorista cortou a frente do meu carro em alta velocidade – para quase bater de frente noutro motorista que cortava a preferencial, apressado –, enquanto um motociclista ziguezagueava por entre os automóveis, batendo no retrovisor do carro que trafegava a minha esquerda – e ainda acenando de forma obscena para ele – que o semáforo de uma das ruas mais movimentadas da cidade acendeu a luz vermelha e, pelo menos naquele instante, todos tivemos que parar.
Esbravejava o motorista do farol quebrado. Mal-encarado, olhava fixo para todos o motociclista. Acelerava o motor aquele senhor suado, com a gravata afrouxada. Com olhares cansados, os passageiros no ônibus se acotovelavam voltando para casa (ou indo para outra tarefa). Batia os dedos no volante – nitidamente nervoso – o motorista do coletivo, olhando atentamente para o semáforo.
Em completo contraste com o cenário, sorria aquele homem com roupas esfarrapadas, rosto pintado, nariz de palhaço e com malabares em chamas, fazendo arte numa esquina, em troca de esmola.
Ninguém olhava para ele; muitos fingiam não vê-lo, para não ter que dar uma moeda ao final de sua apresentação. Ainda assim o palhaço de dreadlocks seguia sorrindo, mesmo após ter derrubado uma das hastes que ele girava.
Quando o sinal abriu, todos partiram em disparada. A vida segue, mesmo depois dos 40 segundos em sinal vermelho.
Para sorte dele, no bolso da minha camisa tinha dois reais que lhe dei ao abrir o vidro do carro.
Enquanto eu já arrancava, devido as buzinas que recebia dos motoristas que estavam atrás de mim, ao receber ele me disse, com sotaque meio espanhol:
“- Que passe bién e que tenga um ótimo fim de semana!”
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Realizamos as refeições rápido demais. Não relaxamos nos intervalos. Mesmo não sendo horário de pique, caminhamos com urgência. A agenda de compromissos nos exige cada vez mais; por isso, açodados, nos tornamos cada vez mais mecânicos e menos humanos.
Nossa vida está presa ao objeto que carregamos no pulso. Não vivemos mais; apenas sobrevivemos apressadamente.
Quando bate 18 horas de um dia normal de semana é possível perceber o quanto esta vida moderna nos comprime de forma funcional e menos sentimental.
Não damos “até amanhã!” para o colega. Não cumprimentamos o conhecido que passou por nós na esquina. Não retornamos a ligação que o amigo nos fez durante o horário de trabalho. Não respondemos a mensagem de celular que a namorada(o) nos mandou, dizendo “tenha um bom dia!”.
O dia passou, caminhou pelas suas horas, normalmente. E nós corremos, todos os minutos, loucamente.
Mas foi justamente na “Hora do Rush”, depois que um motorista cortou a frente do meu carro em alta velocidade – para quase bater de frente noutro motorista que cortava a preferencial, apressado –, enquanto um motociclista ziguezagueava por entre os automóveis, batendo no retrovisor do carro que trafegava a minha esquerda – e ainda acenando de forma obscena para ele – que o semáforo de uma das ruas mais movimentadas da cidade acendeu a luz vermelha e, pelo menos naquele instante, todos tivemos que parar.
Esbravejava o motorista do farol quebrado. Mal-encarado, olhava fixo para todos o motociclista. Acelerava o motor aquele senhor suado, com a gravata afrouxada. Com olhares cansados, os passageiros no ônibus se acotovelavam voltando para casa (ou indo para outra tarefa). Batia os dedos no volante – nitidamente nervoso – o motorista do coletivo, olhando atentamente para o semáforo.
Em completo contraste com o cenário, sorria aquele homem com roupas esfarrapadas, rosto pintado, nariz de palhaço e com malabares em chamas, fazendo arte numa esquina, em troca de esmola.
Ninguém olhava para ele; muitos fingiam não vê-lo, para não ter que dar uma moeda ao final de sua apresentação. Ainda assim o palhaço de dreadlocks seguia sorrindo, mesmo após ter derrubado uma das hastes que ele girava.
Quando o sinal abriu, todos partiram em disparada. A vida segue, mesmo depois dos 40 segundos em sinal vermelho.
Para sorte dele, no bolso da minha camisa tinha dois reais que lhe dei ao abrir o vidro do carro.
Enquanto eu já arrancava, devido as buzinas que recebia dos motoristas que estavam atrás de mim, ao receber ele me disse, com sotaque meio espanhol:
“- Que passe bién e que tenga um ótimo fim de semana!”
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Quem me deu esmola, naquele fim de tarde, foi ele.
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