Preciso trabalhar a lavoura
a minha vida.
Numa época onde a lavoura
dos sentimentos anda seca, e o solo das emoções tornou-se infértil em
decorrência da escassez de chuva que assola os campos da compaixão, senti que
preciso cultivar em mim sementes de uma vida nova.
Com as mãos ainda
calejadas de agricultor que lavra sozinho a própria fazenda, busquei no galpão
das lembranças enxadas, pá e arado para lavrar esta terra preta que por anos
gerou quase nada.
Exterminei saudades
daninhas; podei, das grandes árvores do passado, as sombras de lembranças
nocivas, para permitir que o sol do destino possa aquecer este novo terreno que
agora estou fertilizando.
Antes eu plantava mágoas,
rancores e desgostos. Como resultado, colhia apenas os frutos amargos do
dissabor.
Agora, eu cultivarei
nesta terra apenas felicidade e alegria.
Estou semeando a
esperança; plantei cada uma destas sementes com as próprias mãos, depositando
sonhos neste torrão. Desta gleba quero colher realizações.
Vou irrigar esta nova
lavoura da minha vida com fé. A água que uso vem dos campos do Vizinho; e sei
que Ele, por também ser lavoureiro de sonhos e esperanças (igual a mim), não negará ajuda a este vizinho lindeiro.
Pouco me importa se estou
plantando fora de época; neste inverno da sociedade pós-moderna. O vento gelado
deste novo mundo frio de sentimentos já não me assusta mais.
Plantei um pouco de mim
em cada sulco que abri nesta terra.
Agora vou esperar a
primavera.
Quando ela chegar, quero
colher amor.
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