Total de visualizações de página

domingo, 20 de setembro de 2009

Meu amigo Mundano reapareceu

Ele é assim; um amigo dos tempos de escola que usa esse pseudônimo e sempre que manda alguma colaboração na mesma hora aeu posto aqui no Blog. Pois assim como eu me considero um "Provinciano", ele se intitula um "Mundano".


Hoje estou azedo! Vou logo avisando!
Estava de manhã, tomando café e escutando rádio antes de sair de casa.
De repente, numa dessas rádios de nossa cidade, o propagandista de uma rede de supermercados, em meio a anúncios de produtos e preços - sempre os mais baratos! - anunciava que estava chegando a Semana Farroupilha.
Em meio a chamadas e promoções, o infame comentário: "Está chegando a Semana Farroupilha! Agora é que aparecem os 'gauchinhos de apartamento'".
Fiquei pensando naquilo... já me vieram à cabeça outros adjetivos que ouvi: "gauchinho de lareira", "gauchinho de feriado", "gauchinho perfumado" e por aí afora. Todos eles, descabidos, obviamente.
Então, rapidamente, refleti sobre qual o sentido que "ser gaúcho" tem para algumas pessoas. Gaúcho seria aquele que dedica todo o seu dia à lida no campo? Aquele que todos os finais de semana arranja uma forma de "ir pra fora"? Aquele que vive em rodeios universitários?
E cheguei a conclusão de que qualquer uma dessas definições, isolada, não é capaz de definir o sentimento que é ter nascido nesta terra e sentir orgulho disto. Ser gaúcho é mais do que botas sujas todos os dias. Cada um, ao seu jeito, tem uma forma de manifestar o seu amor pelo Rio Grande e, se não o manifesta, tem o seu modo de sentir. Estereótipos de gaúcho não combinam com os já conhecidos de outras regiões (manézinho da Ilha, pitt bull do Rio e por aí). Não existe razão para um aparteid cultural ou sentimental entre urbanos e rurais, centrais e suburbanos, ricos e pobres, negros e brancos, ao menos quando se fala em espírito farroupilha.

O Rio Grande do Sul começou no campo; a vida era no campo. E por isso, a figura tradicional e aclamada do homem do campo. Os grandes fazendeiros, titulares das posses, da riqueza e das grandes propriedades, em verdade, sabe-se lá (aqui tenho a humildade de consultar os historiadores) se faziam da bombacha e da guaiaca uma vestimenta insubstituível.
Foram os bravos homens do campo, guiados por ideais de liberdade e pouco providos de riquezas que sangraram nos pampas gaúchos. Por isso, não venham me dizer que sou obrigado a ter campo, criar cavalos e gado, viver "na lida" do campo para ter conferida a possibilidade de, na semana farroupilha, colocar minha bombacha, minha camisa e meu perfume e "corretiar" pelos piquetes e CTGs de Uruguaiana. Tenho amigos que são estancieiros e acho o máximo! Absolutamente nada contra, muito pelo contrário, só tenho a favor. Vivo com eles a satisfação de poder desfrutar de momentos de verdadeira homenagem à beleza, de cultivo às tradições,de tranquilidade e de todo o resto que a campanha proporciona.
Mas eu, vivo "em apartamento", gosto de uma "lareira". Entrentato, cultivo muito mais as tradições da minha terra, me emociono e muito quando ousso o hino do Rio Grande, sou guiado todos os dias pela retidão de caráter que penso deva ter um homem desta terra, muito mais do que muito "gaúchinho de ano inteiro", que vive de estilos, modismos e oportunidades, ocultando na pilcha a ausência de uma possibilidade mais autêntica de revelar a personalidade.
Não digo com isso que sou melhor, mas com certeza não sou pior. E atenção "gauchinhos de ano inteiro": o gaúchinho de feriado tá saindo de casa, bem mal intencionado! Vai bailar um chamamé, tomar um belo dum trago e, bem perfumado, vai arrastar uma china "loca" de linda pra perto da lareira, aquela que tem no apartamento, lembra? Ainda bem que chove em Uruguaiana...
Grande Mundano. Volte sempre !!!

Nenhum comentário: