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segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

À ESPERA DO FIM DO MUNDO


Desde que o mundo é mundo, e a humanidade caminha por ele, existem teorias, previsões e profecias para o seu fim. Na Roma Antiga já esperavam seu fim trágico. Depois, com a disseminação do cristianismo – e a “volta de Cristo” –, religiosos erraram repetidas vezes achando que o apocalipse se daria em alguma destas datas abaixo:
- no Século I; na geração posterior a morte de Jesus.
- Em 1260; segundo Joaquim de Fiore, que após o erro ainda transferiu a data para 1290 e 1335. E nada de Jesus aparecer!
- Em 1504; quando o pintor renascentista Sandro Botticelli pregou que Cristo viria logo após a virada de 1500.
- Em 1806; quando uma galinha, na cidade de inglesa de Leeds, começou a botar ovos com supostos dizeres “Christ is coming”.
- Em 1891; Joseph Smith (criador da religião Mórmon) em 1835 disse que Cristo havia conversado com ele e prometido voltar 56 anos para arrebatar o mundo.
Jesus não veio em nenhuma destas datas; e o mundo não acabou, para alegria de muitos e a tristeza de alguns.
Outras teorias então começaram a surgir para dar cabo do planeta; como em 1881, quando astrônomos disseram que a passagem do Cometa Halley pela terra em 1910 mataria todos devido a gases mortais contidos em sua cauda. Naquele ano todos que puderam contemplaram o fenômeno astronômico e ninguém morreu por causa do cometa.
Durante o século XX houve um apocalipse de teorias e profecias cataclísmicas: Charles Manson afirmou que o fim seria em 1969; Pat Robertson previu para 1982; em 1988 o Cometa Halley passou de novo e causou novo alvoroço; a Seita Heaven’s Gate profetizou para 1997; estudiosos acreditaram que Nostradamus estaria certo ao afirmar que “no ano 1999, sétimo mês, do céu virá o grande terror”; matemáticos e especialistas em informática achavam que a virada de 1999 para 2000 causaria uma pane geral em computadores e acarretaria grandes catástrofes elétricas e nucleares; outra vez teorias bíblicas aterrorizaram o mundo devido à contestada citação: “De 1.000 passará, mas a 2.000 não chegará!”. O mundo não acabou, chegamos ao novo milênio; e ele trouxe mais teorias fatais que, a exemplo de todas as outras, também falharam.
Recentemente, um achado arqueológico deu início novamente a um frenesi apocalíptico. Um calendário do antigo povo pré-colombiano maia afirma que o fim acontecerá dia 21 de dezembro de 2012. Na verdade é apenas um erro de interpretação, pois - diferente da nossa teoria linear de tempo - os maias acreditavam que o tempo é cíclico e, portanto, mais um ciclo encerra-se, tendo fim no dia 21 próximo. Mesmo assim para milhões de pessoas o medo de uma hecatombe voltou a tomar conta do imaginário popular.

Mas por que – em todas estas teorias de fim de mundo – acreditamos que fim será trágico?
Catástrofes, desastres, destruição, extermínios, terror e morte são coisas do dia-a-dia da humanidade. O mundo convive com isso desde que o homem começou a dominar onde habitamos.
Praticamos as maiores catástrofes naturais por não respeitarmos a própria natureza.
Causamos os maiores desastres ambientais.
Somos nós mesmos os destruidores do mundo que nos abriga.
Exterminamos plantas, raças de animais e etnias humanas pelo simples prazer da maldade.
Trouxemos o terror à quem também comete o terror.
Fizemos da morte lugar comum no dia-a-dia, enquanto do amor nada aprendemos.
E agora, aterrorizados tememos a própria morte e a morte da humanidade?
A humanidade, com seus milhares de anos e gerações, burramente não aprendeu a amar; preferiu pilhar, destruir e matar. Não será necessário um apocalipse; nós já vinhamos “apocalipticamente” morrendo aos poucos. O fim já aconteceu e nós homens não percebemos. Morremos por dentro. E a única coisa que nos resta é esperar que a raça humana renasça.

Por isso dia 21 de dezembro estarei à espera desta data. Quero acreditar que ao abrir os olhos neste dia verei o fim de todas as mazelas e desgraças que nos levaram ao fim da raça; não haverá mais miséria; não irei mais assistir a destruição das coisas que nos rodeiam; não verei mais o irmão passar fome e frio deitado na calçada; não sentirei mais o ódio e a discriminação entre as pessoas por causa de suas diferenças sociais e étnicas; não verei mais a morte sendo anunciada, mas o amor sendo compartilhado.
Eu assistirei um nascer de um mundo melhor.
Por isso, estou à espera do dia 21.
O dia que nós renasceremos.

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