Desde que o mundo é mundo, e a humanidade caminha por ele,
existem teorias, previsões e profecias para o seu fim. Na Roma Antiga já
esperavam seu fim trágico. Depois, com a disseminação do cristianismo – e a
“volta de Cristo” –, religiosos erraram repetidas vezes achando que o
apocalipse se daria em alguma destas datas abaixo:
- no Século I; na geração posterior a morte de Jesus.
- Em 1260; segundo Joaquim de Fiore, que após o erro ainda
transferiu a data para 1290 e 1335. E nada de Jesus aparecer!
- Em 1504; quando o pintor renascentista Sandro Botticelli
pregou que Cristo viria logo após a virada de 1500.
- Em 1806; quando uma galinha, na cidade de inglesa de
Leeds, começou a botar ovos com supostos dizeres “Christ is coming”.
- Em 1891; Joseph Smith (criador da religião Mórmon) em 1835
disse que Cristo havia conversado com ele e prometido voltar 56 anos para
arrebatar o mundo.
Jesus não veio em nenhuma destas datas; e o mundo não
acabou, para alegria de muitos e a tristeza de alguns.
Outras teorias então começaram a surgir para dar cabo do
planeta; como em 1881, quando astrônomos disseram que a passagem do Cometa
Halley pela terra em 1910 mataria todos devido a gases mortais contidos em sua
cauda. Naquele ano todos que puderam contemplaram o fenômeno
astronômico e ninguém morreu por causa do cometa.
Durante o século XX houve um apocalipse de teorias e
profecias cataclísmicas: Charles Manson afirmou que o fim seria em 1969; Pat
Robertson previu para 1982; em 1988 o Cometa Halley passou de novo e causou
novo alvoroço; a Seita Heaven’s Gate profetizou para 1997; estudiosos acreditaram
que Nostradamus estaria certo ao afirmar que “no ano 1999, sétimo mês, do céu
virá o grande terror”; matemáticos e especialistas em informática achavam que a
virada de 1999 para 2000 causaria uma pane geral em computadores e acarretaria
grandes catástrofes elétricas e nucleares; outra vez teorias bíblicas
aterrorizaram o mundo devido à contestada citação: “De 1.000 passará, mas a
2.000 não chegará!”. O mundo não acabou, chegamos ao novo milênio; e ele trouxe
mais teorias fatais que, a exemplo de todas as outras, também falharam.
Recentemente, um achado arqueológico deu início novamente a
um frenesi apocalíptico. Um calendário do antigo povo pré-colombiano maia
afirma que o fim acontecerá dia 21 de dezembro de 2012. Na verdade é apenas um
erro de interpretação, pois - diferente da nossa teoria linear de tempo - os
maias acreditavam que o tempo é cíclico e, portanto, mais um ciclo encerra-se,
tendo fim no dia 21 próximo. Mesmo assim para milhões de pessoas o medo de uma
hecatombe voltou a tomar conta do imaginário popular.
Mas por que – em todas estas teorias de fim de mundo –
acreditamos que fim será trágico?
Catástrofes, desastres, destruição, extermínios, terror e
morte são coisas do dia-a-dia da humanidade. O mundo convive com isso desde que
o homem começou a dominar onde habitamos.
Praticamos as maiores catástrofes naturais por não
respeitarmos a própria natureza.
Causamos os maiores desastres ambientais.
Somos nós mesmos os destruidores do mundo que nos abriga.
Exterminamos plantas, raças de animais e etnias humanas pelo simples
prazer da maldade.
Trouxemos o terror à quem também comete o terror.
Fizemos da morte lugar comum no dia-a-dia, enquanto do amor nada
aprendemos.
E agora, aterrorizados tememos a própria morte e a morte da
humanidade?
A humanidade, com seus milhares de anos e gerações,
burramente não aprendeu a amar; preferiu pilhar, destruir e matar. Não será necessário um
apocalipse; nós já vinhamos “apocalipticamente” morrendo aos poucos. O fim já
aconteceu e nós homens não percebemos. Morremos por dentro. E a única coisa que
nos resta é esperar que a raça humana renasça.
Por isso dia 21 de dezembro estarei à espera desta data. Quero
acreditar que ao abrir os olhos neste dia verei o fim de todas as mazelas e
desgraças que nos levaram ao fim da raça; não haverá mais miséria; não irei
mais assistir a destruição das coisas que nos rodeiam; não verei mais o irmão
passar fome e frio deitado na calçada; não sentirei mais o ódio e a
discriminação entre as pessoas por causa de suas diferenças sociais e étnicas;
não verei mais a morte sendo anunciada, mas o amor sendo compartilhado.
Eu assistirei um nascer de um mundo melhor.
Por isso, estou à espera do dia 21.
O dia que nós renasceremos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário