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quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

AS VIÚVAS DO MURO DE BERLIM

A década de 1980 foi decisiva para determinar o rumo da história contemporânea.
O resfriamento da já morna Guerra-Fria, o início da globalização com o auxílio dos meios de comunicação que surgiam, o Consenso de Washington, a Perestróica e Glasnost que levaram ao esfacelamento total da União Soviética, mostravam que o sonho do socialismo chegava melancolicamente ao fim, tendo como cereja do bolo a Queda do Muro de Berlim.
Mas aqueles tijolos derrubados, para muitos, não representaram o fim da utopia. O sonho socialista continuou presente, latente, pungente, por mais de uma década, na figura dos que eu chamo de “Viúvas do Muro de Berlim”.
Sociólogos, ideólogos, filósofos, professores e políticos que viveram o fim daquele período, mesmo sabendo do fim de uma era, insistiram em manter vivo o já morto sistema, incutindo idéias em jovens estudantes e na população passiva. Ali nascia a ultima geração da derrocada socialista.
Durante os anos que se seguiram, ainda houveram alguns suspiros de esquerda. Com ascensões meteóricas de governos em alguns determinados países. Líderes caricaturais de nações pateticamente fracas. Protestos espalhados pelo mundo e tentativas de retomada do poder (que na verdade nunca lhes pertenceu) em convenções e fóruns.
E hoje?
Quem são as expressões do socialismo? Os cômicos Chavez e Morales; o moribundo Castro; o finado Kim Jong il. No Brasil não se pode citar Lula e Dilma como expressões de esquerda porque Lula (o sindicalista das classes baixas operarias) deu continuidade para vários projetos do antigo governo e privilegiou a classe média alta e alta, enquanto a Dilma (a guerrilheira que pegava em armas) já está sendo apelidada de “mãe das privatizações” – com apenas um ano de governo.
Onde estão as potências vermelhas? A China, cada vez mais aberta ao capital internacional, representando uma simbiose daquilo que mais podre tem cada um dos sistemas. E Cuba, que agonizante, foi reintegrada a OEA e hoje, tenho certeza, implora pra voltar a ser aquele bordel norte-americano da década de 50, onde pelo menos recebia gordas injeções financeiras.
Que solução o Fórum Social Mundial encontrou para derrubar o capitalismo? Hoje, com mais de uma década, os organizadores daquele mega evento estudam formas de, pelo menos, preservá-lo, mantendo viva a esperança de Marx, buscando “alternativas” para aquilo que atualmente não passa de um festival.
No passar dos últimos anos o que se viu foi muita gritaria em vão. Muito protesto sem retorno e choro, muito choro.
Mas gritar, protestar e chorar é o que faz todo aquele que perde um ente querido.
E hoje, aqui nessa cerimônia, lembramos da memória daquele sistema que morreu.
Às viúvas, nossas condolências.
Se bem que com todo choro e luto, por debaixo do vestido preto, eu sei que elas usam calcinha cara, de grife famosa (coisas do capitalismo).

2 comentários:

Alcir Martins disse...

Ok! Ok! Fukuyuama fez escola!

Não me considero "viúva do Muro", mas preciso apontar algumas discordâncias que guardo em relação ao teu escrito.

A primeira delas é sobre uma suposta preferência de Cuba de retornar a um estado pré-59. Acho extremamente questionável esta afirmação e generalização. Suspeito que é muito mais verossímel o saudosismo de russos em relação às repúblicas dos sovietes.

A segunda é sobre o teor dos FSM (estive presente em 5 edições e em alguns outros eventos correlatos de menor envergadura). A polissemia do fórum não aponta para simples reformas do capitalismo; afinal com toda sua pujança e supremacia atual, tal sistema não responde - nunca respondeu - satisfatoriamente às principais questões que estão na gênese do movimento alteromundista.

Não sou "viúva" da RDA, tampouco defensor do burocratismo dos regimes do Leste Europeu e de alguns outros de inspiração stalinista mas lamento NÃO poder discordar profundamente de ti em relação a Lula e Dilma ...

Seguimos conversando em breve!
Abraço deste provinciano por ora desgarrado!

Anônimo disse...

Socialismo hoje serve só para Subdesenvolvidos da América do Sul, degenerados, drogados, vagabundos e pederastas!