Mas parece que em Uruguaiana, a “história negra” gosta de reprisar.

Na Idade Média, o Senhor Feudal fazia de seu território seu domínio e sua autoridade tinha peso de lei, acima de qualquer outra lei, inclusive do próprio Estado. Eram tempos em que a medida de poder era a opressão.

Na Idade Moderna o rei ganhara prestigio e poder graças a classe emergente que financiava os mandos e desmandos monárquicos, para conquistar em troca direitos de comércio e favores para seus familiares. Pensadores e filósofos corroboravam com o pensamento absoluto e escreviam rasgados discursos para a manutenção do sistema, pois – para estes – os fins justificavam os meios. O rei era “absolutamente pleno”, confundindo-se com o próprio Estado; os súditos, massa de manobra e algumas famílias ganhavam – ou compravam – títulos de nobreza graças às bajulações reais. No final daquele período, cabeças rolaram, inclusive a dos próprios Senhores Estado.
Napoleão ousou conquistar tudo aquilo que sua armada pudesse alcançar. Ordenou bloqueios até em territórios que não eram seus; ameaçou aliados e empossou parentes em reinos vizinhos. Seu gigantesco e megalomaníaco ego o levou às raias da loucura e isso lhe custou o próprio trono, no qual ele mesmo havia sem intitulado “imperador”. Hoje, considerado por muitos o maior estrategista da história, é considerado por outros tantos apenas um imperador louco.
No Brasil Imperial, o antes idolatrado D. Pedro, ao assumir o poder, mostrou sua verdadeira face, criando um poder moderador que lhe dava autoridade para intervir em todas as instâncias da sociedade; desrespeitava o Legislativo e o Judiciário. O imperador criava as leis de um Brasil que ele mesmo desconhecia. Foi uma época em que até a mídia opositora foi perseguida. Assim calaram Libero Badaró.

Se analisarmos bem, encontraremos em cada um destes momentos, estranhas coincidências com a Uruguaiana atual.
Felizmente todos estes períodos históricos caíram; a própria sociedade, tomada de consciência, em muitos destes momentos agiu, direta ou indiretamente, para o fim destas mazelas.
Se a história serve para uns repetirem-na e usá-la para governar como assim outros já fizeram, esta mesma história deve nos servir para que vejamos como devemos proceder para pôr fim nisso, assim como todos esses impérios e governos que molestaram a humanidade ao longo dos tempos e que um dia findaram.
Uruguaiana não pode incorrer nas negras repetições do passado. A sociedade clama por justiça.
Somos a própria história viva, o livro do futuro ainda não foi concluído.
Chega de autoritarismo, pois é a voz do povo que deve prevalecer. E a história há de contar um dia.