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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ninguém sorri na fila do banco

E não é para menos...
Se formos analisar bem, quase que a totalidade das pessoas que vão aos bancos, passam horas e horas nas infindáveis e cansativas filas. Estão ali para pagar, parcelar, renegociar ou se endividar mais ainda com os altíssimos juros que nos devoram o orçamento mensal.
Acrescente à isso aborrecimentos como:
- Não conseguir passar pela porta giratória porque esta disparou o sinal devido a uma senhora que insiste em entrar com seus dois celulares, chaves e outras coisas em sua bolsa.
- O gerente de conta nunca estar.
- O sistema cair.
- O estagiário que sabe menos que você sobre o sistema operacional.
- Ver aquele jovem entrar bem depois de você – sem um pingo de ética – retirar senha para ser atendido na fila dos idosos, sair bem antes, tomar uns três cafezinhos grátis e ainda tirar onda com o guarda.
- Sentar-se ao lado de uma pessoa que mal lhe conhece mas começa a puxar conversa sobre os mais diversos assuntos mesmo percebendo que você está com calculadora na mão e talvez até um lápis na orelha, tentado ver quanto da fatura poderá pagar esse mês.
- Ou ainda aquele amigo extremamente “brasileirinho” – com jeitinho pra tudo – que viu que você já está próximo de ser chamado e pede que desconte os cheques que muitas vezes ou são cruzados (e precisam ser depositados) ou não tem fundos (e você paga um mico fazendo uma cara de tamanco na frente do bancário).
Pode parecer inacreditável, mas tudo isso aconteceu comigo nessa minha última ida ao banco, essa semana.
Não vi ninguém com rosto alegre, feliz, descontraído enquanto esperava na fila; com a exceção de um senhor...
Velhinho, de bermuda suja, camiseta do Sá-Viana e alpargatas velhas. Chegou sentar na fila comum e não fez caso dos jovens que passaram na sua frente nem da demora da fila.
Ele sorria sozinho, segurando um bilhete na mão; quando lhe chamaram, até o gerente (que nunca está) foi recebê-lo.
Alguém naquela tarde saiu sorrindo do banco.

Um comentário:

"Esta história não é para qualquer um." disse...

Não estava no banco neste dia, por isso viste apenas uma pessoa sorrindo, pois com o salário de professor que recebemos eu estaria com um sorriso de orelha a orelha. Quanto ao velhinho, não será aquele que vai sempre ao banco por causa do ar, conversei com ele esses dias que ele me disse: minha filha, venho sempre ao banco e não entro na fila dos idosos, porque na minha casa é muito quente e não tem ar, podes passar na minha frente, quanto mais demorar melhor.
Abraço, logo o meu estará pronto, só que o formato e os assuntos serão diferentes do teu.
Raquel