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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Músicas para a alma

Assim como se escolhe a música para a sua própria formatura, deveriamos escolher a música que serviria de trilha sonora para nossas vidas - ou um determinado momento dela -.
Foi assim, casualmente que tocou na rádio uma música tão bela, que complementou um momento tão belo quanto a própria música, na tarde de ontem.
Em 1987 eu, com 07 anos, ia todas as tardes - hoje tardes estas já amareladas na lembrança - para a escola acompanhado pelo meu pai; e lembro como sorríamos no trajeto até o Colégio União.
Éramos pobres, não tínhamos carro e mesmo assim viví uma infância feliz (nas fotos da época o sorriso atesta o que descrevo).
22 anos depois, a mesma cena - agora com personagens diferentes - se repete. Eu, no papel de pai e o Dartagnan agora o filho, contracenamos um momento tão belo quanto foi aquele que rememorei.
Chegávamos ontem na mesma escola, numa tarde semelhante àquelas quase perdidas numa curva do tempo e a música que tocava no rádio definia em sua letra tanto o passado como o presente vivido alí naquele instante. Sorríamos, embora alguns corações estejam doendo ♪


São músicas para o coração; molduras para momentos que se tornam inesquecíveis graças a músicas como essas que tocam exclusivamente para nossas almas.

SMILE - Composição: Charles Chaplin / Letra: John Turner e Geoffrey Parsons /Intérprete: Eric Clapton

Letra e Tradução [ clique aqui ]

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ninguém sorri na fila do banco

E não é para menos...
Se formos analisar bem, quase que a totalidade das pessoas que vão aos bancos, passam horas e horas nas infindáveis e cansativas filas. Estão ali para pagar, parcelar, renegociar ou se endividar mais ainda com os altíssimos juros que nos devoram o orçamento mensal.
Acrescente à isso aborrecimentos como:
- Não conseguir passar pela porta giratória porque esta disparou o sinal devido a uma senhora que insiste em entrar com seus dois celulares, chaves e outras coisas em sua bolsa.
- O gerente de conta nunca estar.
- O sistema cair.
- O estagiário que sabe menos que você sobre o sistema operacional.
- Ver aquele jovem entrar bem depois de você – sem um pingo de ética – retirar senha para ser atendido na fila dos idosos, sair bem antes, tomar uns três cafezinhos grátis e ainda tirar onda com o guarda.
- Sentar-se ao lado de uma pessoa que mal lhe conhece mas começa a puxar conversa sobre os mais diversos assuntos mesmo percebendo que você está com calculadora na mão e talvez até um lápis na orelha, tentado ver quanto da fatura poderá pagar esse mês.
- Ou ainda aquele amigo extremamente “brasileirinho” – com jeitinho pra tudo – que viu que você já está próximo de ser chamado e pede que desconte os cheques que muitas vezes ou são cruzados (e precisam ser depositados) ou não tem fundos (e você paga um mico fazendo uma cara de tamanco na frente do bancário).
Pode parecer inacreditável, mas tudo isso aconteceu comigo nessa minha última ida ao banco, essa semana.
Não vi ninguém com rosto alegre, feliz, descontraído enquanto esperava na fila; com a exceção de um senhor...
Velhinho, de bermuda suja, camiseta do Sá-Viana e alpargatas velhas. Chegou sentar na fila comum e não fez caso dos jovens que passaram na sua frente nem da demora da fila.
Ele sorria sozinho, segurando um bilhete na mão; quando lhe chamaram, até o gerente (que nunca está) foi recebê-lo.
Alguém naquela tarde saiu sorrindo do banco.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A Equação do Amor

Sempre odiei matemática.
Perdoem-me os colegas professores dessa matéria, mas desde ensino fundamental (na minha época chamado de “primeiro grau”) eu me perguntava o porquê de estudar e decorar fórmulas e cálculos que durante a vida não usarei. Perguntinhas que certamente muitos outros estudantes fizeram para professores em aula e para seus pais quando os mandavam estudar no quarto ao invés de ir brincar na rua.
Lembro muito bem do meu último dia de aula do Ensino Médio (na minha época chamado de “segundo grau”, lógico). No que tocou a sirene peguei todos aqueles cadernos e com o isqueiro de uma colega que fumava prendi fogo ali mesmo, na porta da escola. Prometi nunca mais pensar em Báskara, Pitágoras e MMC.
Durante a vida acadêmica muito pouco ou quase nada precisei da matemática (tanto que optei por história pra evitar ao máximo os números e me dedicar bem mais à leitura que sempre me agradou). Mas com o passar dos anos, o fim da juventude e a introdução obrigatória à vida adulta – de dono de casa, assalariado, devedor, etc. – os números começaram a voltar num ritmo alucinante. Cada vez mais os cálculos, as frações, as porcentagens (os juros e as multas também) começaram a fazer parte – mesmo eu não os querendo – da minha vida.
Chego ao fim do mês usando muito mais a calculadora para saber do saldo bancário, aquilo que entra, aquilo que sai, do que a caneta para escrever algo para alguém. Percebam pelo próprio blog que muitas semanas não tem uma postagem sequer.
É o castigo pela queima dos cadernos; é a maldição dos professores de matemática da minha vida que recaiu sobre mim. Viver aprisionado aos números; PRA SEMPRE!
E como se isso não bastasse, hoje, olhando sites de notícias, li uma reportagem sobre a “Equação do Amor”. (clique aqui: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL1486509-5603,00-MATEMATICO+AUSTRALIANO+CRIA+EQUACAO+DA+IDADE+CERTA+PARA+SE+APAIXONAR.html )
Não acredito que para encontrar o verdadeiro amor a pessoa deva recorrer aos números. Pois se fosse assim, os professores de matemática – todos eles – teriam amores dignos de romance francês, enquanto aquele perverso rapazinho que queimou os cadernos na frente da escola e hoje é professor de história e apenas lê, jamais terá sucesso sentimental.
Mas por via das dúvidas vou tentar resolver essa equação esse fim de semana e, se aquela colega que me emprestou o isqueiro para queimar os cadernos ainda se lembrar de mim e tiver parado de fumar, vou convidá-la para resolver uma “regra de dois”.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Fui no Supermercado comprar futilidades e preguiça

Já volto...
E quando voltei, precisei escrever sobre as cenas, atitudes e comportamentos que as pessoas têm dentro de um supermercado.
O economista: é aquele que passa quase 3 horas dentro do mercado, com calculadora na mão, listinha de compras (muitas vezes escritas pelo cônjuge) e – às vezes – até um lápis sobre a orelha. Confesso que eu compro sem sequer olhar o preço e no início do mês choro o absurdo na fatura do cartão!
O fiel: ao invés de levar a listinha da esposa ou do marido (se bem que marido macho mesmo não faz lista de compras), é aquele que leva seu companheiro às compras carregando o carrinho juntos ou, enquanto um compra os produtos o outro serve o chimarrão. Sim meus amigos; tem gente que faz isso – e com prazer!
O politicamente correto: só compra produtos que realmente são naturais, livres de agrotóxicos, perde muito mais tempo nos hortifrutigranjeiros que nos enlatados e engarrafados. Compra carne de “baby búfalo” e ainda aproveita pra comprar eletrodomésticos com IPI reduzido porque além de reduzir a emissão de poluentes, é mais barato graças ao Lula. “Baby Búfalo”? Imaginem no meu churrasco de fim de semana eu dizer pros meus amigos que a carne que eles estão comendo tem esse nome!
A Dama: chega no mercado vestida como para uma festa, perfumada, com jóias e deixa no carro o cachorrinho. Compara um produto pelo similar sem se preocupar com preço, mas procurando saber onde foi fabricado e se a empresa tem anos e anos de mercado. Também gasta mais tempo escolhendo hortaliças fresquinhas e chama qualquer atendente pra perguntar se pode trazer algum produto direto do depósito porque aqueles que ali estão podem ter sido apalpados demais por outros clientes. Conheci pessoas assim e confesso: prefiro ficar no carro com o cachorro!
O(a) neurótico(a) por limpeza: entra no mercado e vai primeiro pro setor de limpeza. Não aperta a mão de ninguém por causa dos germes e sofre para comprar frutas e verduras, além de surtar com o açougueiro que não usou luvas pra cortar a carne de “baby búfalo” que ele escolheu apontando o dedo sem tocar no vidro do balcão. Por fim, depois de pagar as compras, no estacionamento limpa as mãos com álcool e dá graças a Deus por ter conseguido sobreviver aos germes. Eu aperto a mão das pessoas no mercado!
O comprador de final de semana: pega o maior carrinho e vai direto pro setor de bebidas; enche de latões de cerveja, tequila, vodka, depois passa nos hortifruti apenas pra comprar limão e no setor do açougue ainda dá uma de entendido em carnes e muitas vezes leva “baby búfalo” pensando ser novilho de campo bom. Depois de pagar no caixa se dá conta que esqueceu a lista de compras que a patroa passou a manhã toda escrevendo. Eu adoro fazer compras no fim de semana!
Mas estes são aqueles que eu noto enquanto estou fazendo as minhas compras; porque o melhor vem quando estou me dirigindo ao caixa de pagamento.
É ali que eu vejo coisas incríveis, pois em cada caixa tem nas prateleiras as revistas; a grande maioria ou de moda ou de novelas ou de horóscopo. E para passar o tempo o mulherio (ok, alguns homens também) abrem estas e acabam comprando – por quilo – aquela quantidade incalculável de extrema futilidade, que é saber “o que os astros prometem para 2010 e seu horóscopo” ou “Zé James fica com Maria Aparecida do Carmo no último capítulo de Coração de Fogo”.
Mas o que me chamou muita atenção nesta minha última ida ao supermercado foi – durante o tempo que estive na fila do caixa – ver a quantidade de gente que compra produtos semi-prontos congelados. A preguiça (um dos 7 pecados) pode ser comprada; eu me surpreendi com a constatação. Pessoas e mais pessoas debruçadas sobre o balcão refrigerado escolhendo massas prontas, pasteis semi-fritos e até pizzas prontinhas e congeladas. Muitas pessoas, conhecidos, amigos e gente que eu nem esperava ver ali. Comprar comida pronta é o extremo da preguiça!
Foi quando o sinal me indicou qual caixa me dirigir...
Voltei pra casa, abri as bolsas e percebi que eu fui um pouco de cada estilo daqueles compradores que acima ironizei. Mas esqueci de comprar um pouco de futilidade e preguiça. Afinal, não assisto novela, não acredito em horóscopos e prefiro dar uma de pizzaiolo, quando não pego o telefone e peço um xis-salada.

Porém deixo aqui uma revelação: entre os acotovelados no balcão dos congelados estava um senhor que se diz muito viajado... Mundano, até tu? rsrs