Tem alguns números na roleta que são perigosos, assustadores; que causam arrepios tanto no jogador, que deposita todas as suas esperanças na aposta que faz, como no crupiê que atira a bolinha buscando desviar de todas as fichas dispostas da mesa sem ter que pagar à ninguém.
Como se fosse hoje eu lembro o meu primeiro encontro com um desses números fatais.
Eu ainda era jovem e inexperiente na arte do jogo e ia ao cassino para perder dinheiro e voltar pra casa dizendo que havia ganhado.
Foi numa tarde, já meio cinzenta na memória, que entrei no cassino e ao passar pela roleta vi um senhor com aparência indígena, roupas rotas e um olhar misto de esperança e desespero, jogar suas últimas fichas em torno do número “vermelho 32”.
Era a aposta derradeira, enquanto a bolinha da sorte girava no prato ele abria a carteira pra conferir que já não tinha mais dinheiro algum. Seu destino, pelo menos naquele dia, estava sendo definido no giro da roleta.
Não havia mais ninguém ali. O cassino estava semi-vazio. Apenas três pessoas presenciaram e protagonizaram aquele instante. O crupiê, interpretando o agente do destino a ser traçado; o apostador, como o personagem principal em um filme com final inesperado; e eu, como espectador passivo do que a vida estava por traçar.
Depois daquele dia, comecei a gostar cada vez mais do jogo pela emoção que ela nos proporciona. São sentimentos que alternam da frustração à euforia, da tristeza à explosão de alegria, do sufoco à redenção.
O “vermelho 32” virou o meu número também, todas as vezes que eu apostava na roleta.
De início, raramente eu acertava e por muito pouco quase desisti de seguir aquele instinto que os alguns jogadores chamam de “sorte”.
Mas recentemente a Srta. Sorte veio bater a minha porta e pediu para ficar comigo por algum tempo. Sorridente, se manifestou repetidas vezes em torneios de truco – onde sagrei-me campeão – , em jogos de pôquer – onde eu desbanquei adversários que muitas vezes tinham mãos de cartas melhores que as minhas – , e também no cassino, onde o “vermelho 32” me rendeu muito dinheiro.
São emoções que somente alguém que aposta pode definir a sensação. O nervosismo de depositar tudo em uma mentira de “falta envido” no truco; ou de aguardar a resposta do adversário enquanto se dá um “all-in” no pôquer; ou ainda, aguardar a trajetória circular que a bolinha faz enquanto a roleta gira.
Por isso sou um jogador; pelo prazer de apostar a vida numa jogada.
Pois tanto na vida como no jogo é aquela pessoa que está disposta a morrer que ganha (palavras de Al Pacino no filme “Um Domingo Qualquer”). E sempre que eu apostei, tanto nos jogos como na própria vida, eu joguei como se aquele instante valesse toda a minha existência.
Ao lado do “32”, na roleta, está o mais temido número dos apostadores, o “zero”. Talvez por isso este meu número seja tão emocionante e tão místico. Para chegar à glória, tenho que passar pelo inferno; para chegar à vitória tenho que arriscar a derrota.
Quantas vezes a roleta da vida nos derrubou com o “zero”. Cabe à cada um de nós aceitar essa jogada ou enfrentar novamente a sorte.
Assim como fez aquele senhor com aparência indígena, roupas rotas e sem mais dinheiro na carteira, eu joguei mais uma vez - e dessa vez todas - as minhas fichas do destino no “vermelho 32”. Em tantas outras vezes deu “zero”, mas um jogador deve seguir seus instintos, mesmo que isso lhe custe as últimas fichas, mesmo que o cassino já esteja por fechar, mesmo que a derrota seja iminente e a chance de vitória mínima, mesmo que essa aposta lhe custe a vida, um jogador deve apostar!
Como se fosse hoje eu lembro o meu primeiro encontro com um desses números fatais.
Eu ainda era jovem e inexperiente na arte do jogo e ia ao cassino para perder dinheiro e voltar pra casa dizendo que havia ganhado.
Foi numa tarde, já meio cinzenta na memória, que entrei no cassino e ao passar pela roleta vi um senhor com aparência indígena, roupas rotas e um olhar misto de esperança e desespero, jogar suas últimas fichas em torno do número “vermelho 32”.
Era a aposta derradeira, enquanto a bolinha da sorte girava no prato ele abria a carteira pra conferir que já não tinha mais dinheiro algum. Seu destino, pelo menos naquele dia, estava sendo definido no giro da roleta.
Não havia mais ninguém ali. O cassino estava semi-vazio. Apenas três pessoas presenciaram e protagonizaram aquele instante. O crupiê, interpretando o agente do destino a ser traçado; o apostador, como o personagem principal em um filme com final inesperado; e eu, como espectador passivo do que a vida estava por traçar.
Depois daquele dia, comecei a gostar cada vez mais do jogo pela emoção que ela nos proporciona. São sentimentos que alternam da frustração à euforia, da tristeza à explosão de alegria, do sufoco à redenção.
O “vermelho 32” virou o meu número também, todas as vezes que eu apostava na roleta.
De início, raramente eu acertava e por muito pouco quase desisti de seguir aquele instinto que os alguns jogadores chamam de “sorte”.
Mas recentemente a Srta. Sorte veio bater a minha porta e pediu para ficar comigo por algum tempo. Sorridente, se manifestou repetidas vezes em torneios de truco – onde sagrei-me campeão – , em jogos de pôquer – onde eu desbanquei adversários que muitas vezes tinham mãos de cartas melhores que as minhas – , e também no cassino, onde o “vermelho 32” me rendeu muito dinheiro.
São emoções que somente alguém que aposta pode definir a sensação. O nervosismo de depositar tudo em uma mentira de “falta envido” no truco; ou de aguardar a resposta do adversário enquanto se dá um “all-in” no pôquer; ou ainda, aguardar a trajetória circular que a bolinha faz enquanto a roleta gira.
Por isso sou um jogador; pelo prazer de apostar a vida numa jogada.
Pois tanto na vida como no jogo é aquela pessoa que está disposta a morrer que ganha (palavras de Al Pacino no filme “Um Domingo Qualquer”). E sempre que eu apostei, tanto nos jogos como na própria vida, eu joguei como se aquele instante valesse toda a minha existência.
Ao lado do “32”, na roleta, está o mais temido número dos apostadores, o “zero”. Talvez por isso este meu número seja tão emocionante e tão místico. Para chegar à glória, tenho que passar pelo inferno; para chegar à vitória tenho que arriscar a derrota.
Quantas vezes a roleta da vida nos derrubou com o “zero”. Cabe à cada um de nós aceitar essa jogada ou enfrentar novamente a sorte.
Assim como fez aquele senhor com aparência indígena, roupas rotas e sem mais dinheiro na carteira, eu joguei mais uma vez - e dessa vez todas - as minhas fichas do destino no “vermelho 32”. Em tantas outras vezes deu “zero”, mas um jogador deve seguir seus instintos, mesmo que isso lhe custe as últimas fichas, mesmo que o cassino já esteja por fechar, mesmo que a derrota seja iminente e a chance de vitória mínima, mesmo que essa aposta lhe custe a vida, um jogador deve apostar!