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terça-feira, 9 de junho de 2015

O PERCURSO DAS LEMBRANÇAS

Hoje, depois de sair do trabalho, fui buscar meu filho da casa de uns parentes e no caminho de volta, ao parar numa esquina, relembrei que ali, há muito tempo atrás eu havia conhecido uma pessoa que marcou a minha adolescência. Quantas centenas de vezes eu já havia cruzado por ali e estranhamente só agora recordara? É que lembranças não vão embora; permanecem muitas vezes em silêncio, no passado, para não nos importar no presente.
Na ironia do trajeto, novamente me deparei com recordações, ao passar por aquela praça pouco frequentada, mas que um dia foi meu local de encontro com alguém que sempre me esperava lendo um livro aguardando para tomar mate comigo.
Dali então resolvi refazer o percurso de algumas lembranças:
Recordei, ao passar, daquela árvore de copa baixa onde beijei alguém pela primeira vez.
Percorri pela quadra daquela casa (que por sinal, nem existe mais) onde pela primeira vez enfrentei a missão de conhecer os pais de uma namorada.
Vi a vitrine da loja onde um dia combinei – mesmo que contrariado – com uma pessoa que não compraríamos nada ali. Afinal, quem é que entende manias de mulher?
Encontrei o banco do parque onde pela primeira vez pedi perdão por um erro que cometi.
Cruzei pelo senhor que até hoje vende pipoca e relembrei daquela pessoa que gostava tanto de cinema quanto eu e discutia comigo na frente do cinema sobre pipoca e filme. Ela gostava de pipoca doce, eu de salgada. Ela preferia dramas, eu aventuras.
Me impressionei ao ver que ainda existe aquele jardim bem cuidado onde eu sempre roubava uma flor pra levar pra filha do próprio dono do jardim.
Ri sozinho ao passar pela escola onde uma vez me pediram: “- Fica comigo pra sempre?” E eu respondi: “- Pra sempre não, mas por uns 70 anos, sim!”


Senti que já havia escordado demais para uma noite só esta coleção de memórias.
Estava na hora de voltar para casa.


Alheio a tudo, meu filho, que havia me acompanhado o tempo todo em silêncio, de repente me pediu:
“- Pai, o senhor pode passar na casa daquela minha ex-colega só pra eu ver?”
“- Por que, meu filho?” Perguntei.
“- É que já faz uns dois anos que não vejo ela.”



Neste momento percebi que alguém também começou a criar o percurso de suas próprias lembranças.
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