Ano passado, em meio aos acalorados debates políticos que antecederam as eleições presidenciais, um velho senhor que escutava uma discussão entre alguns jovens e eu, interrompeu nossa conversa e deu sua sábia - porém resignada - opinião sobre a corrupção no Brasil:
"Todo governo que está há muito tempo no poder, começa a roubar bastante. Está na hora de mudar de governo para deixar que os novos comecem a roubar aos poucos. E quando estes estiverem roubando bastante, troca-se de novo."
Teve quem risse daquele intrometido comentário.
Não me arrisquei a rebater e a conversa terminou por ali.
Passada a eleição e alguns meses, tomo consciência da sábia resignação daquele homem, ao perceber que antigamente as notícias de corrupção davam nota de "milhares de reais desviados".
Nos anos seguintes, as cifras chegavam a marca de "milhões de reais" roubados dos cofres públicos.
Mais recente, a crise do atual governo nos apresenta rombos de "bilhões de reais".
Porém, os últimos relatórios agora apontam que o rombo dos desvios e má administração dinheiro público da sociedade brasileira é de "MEIO TRILHÃO DE REAIS".
Enquanto isso, na contramão da política nacional e do crescimento da rapina do dinheiro brasileiro, ontem à tarde reencontrei aquele velho senhor na padaria; ele queria comprar pão, queijo e presunto, mas contando as moedas - e vendo seu dinheiro desvalorizado minguar no bolso - percebeu que só poderia comprar quatro cacetinhos e 200 gramas de mortadela. Sempre sorrindo, ao me ver, ainda disse:
"Pois é meu filho, banquetes só fazem lá em Brasília. Por enquanto, acho que agora vou precisar esperar mais quatro anos (isso se eu viver até lá) pra ver se ainda conseguirei tomar um bom café."
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