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terça-feira, 26 de outubro de 2010

QUAL CERVEJA APRECIAR COM MODERAÇÃO?

Há quem diga que as eleições presidenciais de 1989 tenha sido o auge dessa jovem democracia brasileira. Leonel Brizola, Ulysses Guimarães, Mario Covas, Paulo Maluf, Lula, Collor, Roberto Freire, Ronaldo Caiado, Afif Domingos, Enéias Carneiro e mais de uma dezena de grandes personalidades política se colocaram à disposição dos eleitores (que desde 1960 não escolhiam seus representantes maiores) e proporcionaram à sociedade uma eleição histórica, coroando em segundo turno dois políticos de extremos: Collor e Lula.

Em 1994, agora com menos candidatos – devido às anti-ideológicas “coligações” –, FHC (chamado de “Pai do Plano Real”), Lula (novamente contra um Fernando), Brizola (incansável e insistente), Enéias Carneiro (com esbravejos relâmpagos), Quércia e mais alguns, novamente permitiram aos eleitores escolher seu candidato. Quis a nação – naquele pleito – que em primeiro turno ganhasse Fernando Henrique.

A liberdade de escolha, somada a variedade de escolha para o eleitor fez dessas duas eleições grandes atos de cidadania e soberania da democracia.

Hoje, novamente, as “coligações” parecem destruir o que de mais belo há nesse princípio democrático de escolher o governo que queremos. E o que vimos no primeiro turno das eleições de 2010 foi uma escassez de “produto”. Dilma, Marina e Serra.

Só isso?

É o mesmo que chegar num barzinho, pedir uma cerveja e o garçom dizer:

“ – Só temos Kaiser e Bavária.”

Kaiser é difícil de engolir. Ok, a Dilma também é.

Bavária não tem gosto. Mas e o Serra expressa algo?

Complicou, meus amigos eleitores.

Queremos escolher em quem votar e não temos. Queremos tomar um porre de democracia e não podemos. Queremos mudar o Brasil, mas não nos dão escolhas. Bipolarizaram a política brasileira assim como é nos Estados Unidos; ou é A ou é B, ou é democrata ou é republicano, ou é petista ou é tucano.

Eu quero escolher o que vou aguentar pelos próximos quatro anos. Quero que o garçom da democracia me traga o cardápio dos políticos na urna e eu opte por qual deles vou me embebedar. Pena que não é assim.

Felizmente vivemos na fronteira; em épocas de escassez, atravessamos e rio e vamos buscar dos vizinhos aquilo que não temos aqui. Ou quem sabe até ficamos lá.

Foi assim esses dias, quando estive em Libres tomando uma cerveja num barzinho da Colón e pude escolher entre Heineken, Quilmes, Brahma, Budweiser, Imperial ou Stella Artois. Na oportunidade, escolhi a melhor e apreciei o momento com moderação.

Pois o porre eleitoral dá uma ressaca de quatro anos.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

BOLO DE CENOURA CENSURADA

Houve um período na história recente do Brasil marcado por perseguições, censura, retaliações e imposições superiores.

Naquela época, a liberdade de expressão foi sufocada. Nada podia ser dito contra o Estado.

Os censores verificavam tudo antes de ir à público: filmes, novelas, programação de rádio, jornais e revistas. Muitas vezes, devido à censura ter agido poucas horas antes da publicação, os jornais da época deixavam grandes vazios em suas principais páginas; pois algumas notícias não podiam ir à público.

Alguns outros jornais, preocupados com os leitores e buscando evitar um exemplar completamente sem temas, colocavam nas principais páginas (inclusive nas capas) receitas. Pois se contrariassem a ditadura, seriam repreendidos.

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Deixo-lhes então, essa semana, uma bela receita de bolo de cenoura com calda:

INGREDIENTES:

3 cenouras médias picadas
1/2 xícara (chá) de óleo
2 xícaras (chá) de açúcar
4 ovos
2 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo peneirada
1 colher (sopa) de fermento em pó
Óleo e farinha de trigo para untar e enfarinhar a assadeira

CALDA:
5 colheres (sopa) de açúcar
3 colheres (sopa) de chocolate em pó
1 colher (sopa) de leite
1 colher (sopa) de manteiga

MODO DE PREPARO:

Bata no liquidificador a cenoura, o óleo, o açúcar e os ovos até que fique homogêneo. Despeje em uma tigela, acrescente e misture a farinha de trigo aos poucos e o fermento. Coloque a mistura em uma assadeira untada e enfarinhada e leve para assar no forno médio (180 ºC) pré-aquecido por cerca de 40 minutos ou até que fique dourado. Em uma panela, coloque o açúcar, o chocolate em pó, o leite, a manteiga e leve ao fogo, sem parar de mexer, por cerca de 10 minutos no fogo médio ou até que fique cremosa. Despeje a calda sobre o bolo assim que sair do forno.

BOM PROVEITO.



segunda-feira, 4 de outubro de 2010

EDUCAR A DEMOCRACIA

Um presidente – eleito pelo povo – envolvido em escândalos e corrupção, não agüentando a pressão opositora, puxou o gatilho do revolver contra o próprio peito e suicidou-se, naquele que é considerado o mais fatídico dos agostos da história do Brasil.

Mais tarde, outro presidente – também eleito pelo povo – teve seu governo ainda mais manchado por corrupção devido à construção de Brasília e ainda conduziu o Brasil à um desarranjo econômico fortíssimo devido aos seus “vislumbres futuristas” de querer fazer em 05 anos o que só seria possível em 50.

Depois de duas falhas da democracia, o povo novamente elegeu outro presidente. Desta vez inexpressivo perto dos últimos antecessores e pouco carismático também. E já nos primeiros meses de governos criou leis absurdas (exemplo: proibição de trajes de banho em praias), e condecorou guerrilheiros com a Ordem Máxima do Cruzeiro. Não bastasse isso, após sete meses de governo alegou que forças ocultas o perseguiam e renunciou ao governo deixando o Brasil (e seus próprios eleitores) órfãos de governo. Assumia seu vice, na época também eleito pelo povo. O Brasil caminhava a passos largos para o comunismo à semelhança de Cuba e URSS.

Era o momento oportuno que um setor da sociedade brasileira encontrou para tomar as rédeas da carruagem democrática que corria descontrolada em direção ao precipício da anarquia. Os militares sufocaram a democracia por alguns anos, usando a justificativa que se fazia necessário reorganizar o país. Infelizmente, correntes de pensamento extremista, entre os militares, liquidaram com qualquer princípio de democracia e foram chamados de “anos de chumbo” o período em que o povo perdeu a liberdade de ser.

Ao final do período militar, o povo, derrotado na campanha das Diretas Já ainda sofreu mais uma derrota, ao ver o seu candidato morrer e seu vice assumir. Mas a democracia plena, garantida na Constituição de 1988 trazia alento à sociedade.

Em 1989 (depois de quase 30 anos), aquele povo, que por erros próprios e de governos falhos, teve novamente o direito de votar; naquela que alguns historiadores consideram “a maior eleição da história do Brasil”. 22 candidatos concorreram à presidência; a televisão promoveu debates; as pesquisas eleitorais e a própria corrida presidencial foi extremamente emocionante e eletrizante. A democracia alcançou seu estágio mais alto ao coroar um segundo turno com dois candidatos distintos ideologicamente. Não importava o resultado, pois a vitória era da sociedade.

Mas quis o destino que o escolhido pelo povo voltasse a cometer os mesmo erros daqueles presidentes do passado. A mesma sociedade que falhou na escolha do presidente o derrubou provando, através de um movimento pacífico de protesto a supremacia da democracia; pois, se cabe ao povo o poder de eleger, estes também têm o direito de destituir.

Após isso, reeleições marcaram a história da república, provando que governos devem continuar, pois – certo ou errado – assim é a vontade da nação eleitora.

Mas os resultados desta última eleição me trazem à sombra dos infortúnios do passado. O povo volta a errar. Não se percebe mais coerência ideológica, pois eleitores votaram em determinados locais em PT pra governo estadual e PSDB pra federal (ou vice-versa); na verdade as ideologias é que morreram. Os corruptos ainda se candidatam e, PASME!, se elegem. O protesto que uns encontraram para criticar a política – elegendo palhaços literais, jogadores de futebol e músicos – só servirá para reforçar a frágil política brasileira.

O resultado das urnas, mais uma vez prova que o próprio povo brasileiro ainda não aprendeu a fazer da democracia um remédio para a saúde da nação; ao contrário: usa-a para dar um tiro no próprio pé.

Que nos sirva a história recente da república como ensinamento e que se eduque o eleitor, pois quando a maioria reprova é sinal de falha de quem educa; e as conseqüências recaem sobre todos; por mais quatro... ou oito anos.

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Para os alunos do Pré-Vestibular: uma questão do ENEM sobre alguns destes períodos anteriormente citados.