Em 1994, agora com menos candidatos – devido às anti-ideológicas “coligações” –, FHC (chamado de “Pai do Plano Real”), Lula (novamente contra um Fernando), Brizola (incansável e insistente), Enéias Carneiro (com esbravejos relâmpagos), Quércia e mais alguns, novamente permitiram aos eleitores escolher seu candidato. Quis a nação – naquele pleito – que em primeiro turno ganhasse Fernando Henrique.
A liberdade de escolha, somada a variedade de escolha para o eleitor fez dessas duas eleições grandes atos de cidadania e soberania da democracia.
Hoje, novamente, as “coligações” parecem destruir o que de mais belo há nesse princípio democrático de escolher o governo que queremos. E o que vimos no primeiro turno das eleições de 2010 foi uma escassez de “produto”. Dilma, Marina e Serra.
Só isso?
É o mesmo que chegar num barzinho, pedir uma cerveja e o garçom dizer:
“ – Só temos Kaiser e Bavária.”
Kaiser é difícil de engolir. Ok, a Dilma também é.
Bavária não tem gosto. Mas e o Serra expressa algo?
Complicou, meus amigos eleitores.
Queremos escolher em quem votar e não temos. Queremos tomar um porre de democracia e não podemos. Queremos mudar o Brasil, mas não nos dão escolhas. Bipolarizaram a política brasileira assim como é nos Estados Unidos; ou é A ou é B, ou é democrata ou é republicano, ou é petista ou é tucano.
Eu quero escolher o que vou aguentar pelos próximos quatro anos. Quero que o garçom da democracia me traga o cardápio dos políticos na urna e eu opte por qual deles vou me embebedar. Pena que não é assim.
Felizmente vivemos na fronteira; em épocas de escassez, atravessamos e rio e vamos buscar dos vizinhos aquilo que não temos aqui. Ou quem sabe até ficamos lá.
Pois o porre eleitoral dá uma ressaca de quatro anos.