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quarta-feira, 12 de maio de 2010

E quando se escreve palavras pra quem não se conhece ainda?


E quando se escreve palavras pra quem não se conhece ainda?
Aquele casalzinho hoje, sentados não no banco da parada de ônibus, mas no meio fio da calçada, completamente despreocupados com o horário do coletivo, fez despertar naquele que passava, apressado – atarefado entre uma ocupação profissional e alguma preocupação familiar – um sentimento que já parecia extinto, mas que permanecerá encubado pelo simples fato de não poder e nem ter para quem externá-lo.
Pra ele que já disse tantas vezes “eu te amo”, sem nem ao menos medir a conseqüência que essas palavras proferidas surtiam em quem as recebia, dizer novamente poderia ser tão fácil, simples como dar bom-dia; mas a voz engasgou, o coração emudeceu e ficou o silêncio, a falta de vontade de repetir tais palavras que – na contra-mão das conseqüências – para ele, trazia depois erros enormes, aumentando o desgosto; a reclusão e o receio de novas falhas terminaram com as palavras que antes estavam nos diários, nas agendas, nos emails e na voz de alguém que amou.
Mas e dizer “eu te amo” pra alguém que não se conhece? Que ainda não se viu, nem se ouviu o nome. Dizer eu te amo para alguém que não se sabe da existência e tampouco existe ainda em sua vida?
Assim, sem culpa, poderia se prometer amor eterno; descrever em palavras a euforia de um coração que de súbito salta quando se vê o ente amado e que apressado descompassa quando se sente a sombra do ciúme e da insegurança. Sem compromisso, diria que mais vale a recompensa de segundos trocando olhares apaixonados para as horas ou dias que passou longe dela.
Não só em palavras, mas em gestos: de uma simples flor colhida de uma árvore à um buquê entregue em público; de um silencioso sim com os semblantes à um "não vivo sem você" ao fim de uma música.
Tocar e ser tocado; beijar o beijo do amor correspondido; olhar os olhos que lhe olham.
Viver a sua vida dentro de outra; conviver a sua realidade mergulhado na realidade dela; descrevendo em palavras o amor sublime do desconhecido.
Ela não existe ainda, mas ele quer dizer que a amará assim que se conhecerem.
Ela existe, mas para ele só existirá depois que seus destinos cruzarem; os laços da vida os enredar e seus caminhos trilharem a mesma via.
Ele já não escrevia há muito tempo; não pronunciava há mais tempo ainda...
Mas não foi ele quem escreveu dessa vez; foi seu coração que pediu pra dizer que as palavras de amor ainda existem.
Ela é que não apareceu para ler e ouvir estas palavras que ainda não foram ditas.
Entre outras vontades, ele quis ver o mar de novo.

8 comentários:

Anônimo disse...

AVASSALADOR

BLOG do PROVINCIANO disse...

peço aos amigos que se identifiquem ao postar comentários.
Abraços

lutiano dos anjos disse...

bá cara tirei o chapéu pra ti! muito romantico o tezto. adorei..

giovanna alves disse...

adorei muito, hoje em dia ja não se encontra homens tão românticos assim! adiciona-me no msn gio_l_a@hotmail.com beiijos

Flavia disse...

Bem, como sabes minha opinião sobre o amor mudou muito ao longo dos anos que me trouxeram além de experiências, algumas "vacinas" como gosto de dizer contra alguns males que tenho certeza, fiquei imune.Li suas palavras e confesso tive alguma nostalgia, mas, descobri que não a terei mais, hoje, vi que posso me dar ao luxo de algumas paixóes, o amor deixei pra trás e enterrado no passado.
Apaixonada e feliz posso ser hoje em dia, com as variantes de poder escolher quais eu quero viver...

Unknown disse...

Aquele que abre a porta do carro, que dá flores, que levanta e apaga a luz,que a elogia sem nenhuma maquiagem, que canta pra ela quando ela tá triste, hoje em dia é quase impossível.
Eu gosto dos teus textos, e Demian, é o que há.
Jéssica ávila.

Angélica disse...

Amei o texto!

Anônimo disse...

As vezes precisamos simplesmente de adoráveis dores de cabeça !