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segunda-feira, 4 de maio de 2009

Palavras que estão assustando

Recentemente comecei a notar a repetição em demasia de palavras que até então raramente eram pronunciadas em algum filme de terror ou ficção cientifica. Palavras que mesmo dentro do contexto de uma frase ou até mesmo isoladas causam alarde, pavor pelo seu significado. E não é para menos, a humanidade e sua história conhece muito bem o sentido de tais palavras e o perigo que traz consigo toda a vez que elas são pronunciadas.
Epidemia, pandemia, epicentro, isolamento, proliferação, doença, vírus, morte, mais morte.
A gripe suína, surgida no México (em áreas de pobreza humana assomada por multinacionais exploratórias sem preocupação com o meio-ambiente) fez tocar, agora no mundo globalizado, o sinal de alerta, e sua conseqüente preocupação, como já ocorrera outras tantas vezes na historia da humanidade.
A Grécia Antiga sofreu (Praga de Atenas, 430 a.C.), o Império Romano tremeu (Peste dos Antonios, 165-180 d.C.), a Europa inteira foi varrida e um terço de sua população - já enfraquecida por um grande período de fome - dizimada (Peste Negra, 1347-1350/52), e tantas outras não menos importantes, como a Cólera (que assolou países inteiros durante a segunda revolução industrial) provaram a fraqueza da humanidade e o quanto nossa sociedade é vulnerável às pragas.

Hoje, o risco da proliferação da doença e a possibilidade de uma pandemia global está causando um princípio de pânico coletivo justamente num momento em que o mundo vive outra epidemia: a gripe econômica, que a cada espirro contaminado afeta outras nações.


Vírus mortal + fraqueza financeira global = CAOS.


No México, paralisação geral, alerta máximo e mortes. Um amigo, que esteve semana passada em turnê de DJs por lá, em conversa via MSN conta da seguinte forma como está a situação no país de origem da doença:
"(...) tá tudo difícil lá, não consegui ir ao mercado comprar algumas coisas antes de voltar pq não havia nenhum aberto. Todo mundo tá assustado lá no México."

Mas onde realmente estaria o nascedouro dessa epidemia que se alastra e não distingue país rico ou pobre? Como esse vírus mutável surgiu e porque justamente no México?
São tantas as perguntas, em meio ao desespero que toma conta tanto dos meios de comunicação como dos diálogos informais de esquina. Mas uma certeza existe: pela primeira vez na história, o homem criou a sua própria doença.

A pobreza humana de algumas regiões do México foi o terreno fértil para que empresas multinacionais – inescrupulosamente obstinadas a explorar para acumular rendas – desenvolvessem ali atividades sem o aval da OMS (Organização Mundial da Saúde); sim, essa mesma organização que hoje está computando o número de infectados e mortos em cada país!
Assim, na busca de explorar, pilhar, enriquecer, depredar a natureza e todos os recursos locais existentes, sem preocupar-se com o meio ambiente, ninguém mediu as conseqüências nem o resultado de tão assombroso e desastroso para com o próprio ser criador.
Criador de tudo, o homem criou até seu próprio epitáfio. Vamos deixar de legado para as futuras gerações esse mau exemplo, o autoflagelo irracional do racionalismo humano sob a forma de doenças. A crise mundial ainda causará danos à economia, a gripe suína ainda assustará e os nossos filhos herdarão nossos feitos. Mas será que é esse mundo que vamos deixar para nossos descendentes?

As palavras assustadoras que hoje habitam nossos pavores podem deixar de existir e voltar a ser apenas tema de filmes, basta agir enquanto há tempo. MUDANÇA, essa sim, é a palavra de ordem para o novo mundo – livre de pestes e crises – que ainda pode ser construído.

Um comentário:

Alcir Martins disse...

olá< Pedro!
Tenho tido pouco tempo de blogagens, ma snão deixei d eler o texto do colega no Tribuna. Sabia que encontraria o escrito aqui e quero dizer-te que fiquei muito feliz ao ler aquela que considero a melhor abordagem feita aqui na terrinha para a pandemia já chamada de suína , ma spor lobby das mesmas multinacionais citadas, agora Influenza A ou sei lá o quê mais...
Mais uma vez comprovastes que sempre vale à pena dar uma espiadinha aqui no Provinciano!
Grande abraço!