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sábado, 9 de maio de 2009

Meu amigo Mundano voltou escrevendo sobre: ESSA TAL "QUALIDADE DE VIDA"

Ele está de volta.
Meu amigo Mundano nos traz essa crítica, que lhes deixo como post dessa semana aqui no Blog do Provinciano:
Entre uma conversa e outra, tenho escutado, sem muita paciência, frases como: "eu quero ter mais qualidade de vida", ou "aquele cara é quem tem qualidade de vida", ou "em Uruguaiana não dá, as pessoas não tem qualidade de vida".

Fico pensando: "Putz, mas o chavão da tal qualidade de vida tomou conta de todo mundo!
Será que é uma gíria nova, um modismo ou as pessoas estão sendo alvo de uma nova idéia, vendida em supermercados e embutida subliminarmente em seus subconscientes?"

Pô, as pessoas que mais se queixam da falta de qualidade de vida que eu conheço são as que têm a vida mais fácil que já vi. Não que isso seja lá "qualidade de vida", mas que isso é "boa vida", ah, isso é!Mas então, o que é essa tal qualidade de vida que esse pessoal tanto procura?

Eu ainda não defini pra mim o que deva ser...escuto tanta bobagem que preferi contar pros outros o que acho que, pelo menos, não deva ser um conceito de qualidade de vida."Ah, qualidade de vida é ir pra praia a toda hora; é poder ter um carro (carro não, carrão!) confortável, ar condicionado, direção hidráulica, air bag, ABS...; é ir num restaurante caro, comer comida chinesa, tailandesa, árabe; é ser vegetariano, ir a uma boa academia (com personal, de preferência) e, no carnaval, me perder em Camboriú... ah, lá sim tem gente bonita, festa “bacana” e o DJ n.º 1 do mundo!"

É...isso é qualidade de vida pra muita gente. Eu vou ser sincero: não sou santo, pastor, socialista, franciscano ou Robbin Hood: quero toda aquela listinha ali de cima pra mim! No máximo dispenso o personal trainner (até porque não conheço um que seja mulher...deve ser o lugar em que moro que não me deu essa qualidade de vida, rsrsrs).

Mas uma coisa é fato: tô longe de achar que a minha listinha mágica é símbolo de qualidade de vida.

É uma pena que a visão sobre essa qualidade de vida esteja atrelada somente ao que uma razoável quantia em dinheiro pode satisfazer.Espero qualidade de vida somente nas férias e esqueço que vivo na cidade 355 dias por ano; espero ter o "carrão da hora", mas nem sei qual foi a última vez que me diverti dando uma voltinha de "bike" com meus amigos...ou então, convidei minha mãe ou pai pra tomar um mate no meu Gol 1000 (raçudo pra caralho!!!) num fim de tarde.
Quero a festa "irada" com o DJ n.º 1 do mundo no Warung, mas não sei qual é a música preferida dos meus pais... será que existe alguma música que quando eles escutam, lembram de mim...ah, mas não deve tocar na balada mesmo, né...
Quero parques pra correr e caminhar,respirar ar puro, mas não consigo curtir sua beleza se não tiver o meu I-Pod. “Que merda”. Tomo shakes, albumina, aminoácidos e cretina; se fosse mulher, pra emagrecer, tomaria anfetaminas, porque sem isso não consigo me achar bonita..."Que droga! Não tenho qualidade de vida! Quero dinheiro, preciso de dinheiro, quero sair dessa cidade!"
É amigo....não é fácil viver nesse mundo. Cheio de necessidades criadas, quase todas inventadas e compráveis, tudo, tudo pra te dar "qualidade de vida".
É bom que tenhas uma casa. Aliás, uma enorme, gigante casa (já virou mansão!) Para poder enchê-la de todas essas "qualidades" que tu entendes necessárias e imprescindíveis. Porque, agora, vida, vida de verdade, não vais conseguir preenchê-la nem que consiga todas essas coisas.
Agora, se tu pratica corrida no parque sem I-POD, te satisfaz com a Golzera, sabe a música preferida dos teus pais e não abre mão de um mate com a tua mãe...vai em busca da qualidade de vida da primeira listinha que te falei...aí sim, mas vai com tudo...A propósito: alguém tem carona pra Camboriu? Tô rachando "gás" até num Fiat 147!



Grande Mundano, sempre viajando e fazendo jus à sua alcunha. Abraço do provinciano aqui.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

Palavras que estão assustando

Recentemente comecei a notar a repetição em demasia de palavras que até então raramente eram pronunciadas em algum filme de terror ou ficção cientifica. Palavras que mesmo dentro do contexto de uma frase ou até mesmo isoladas causam alarde, pavor pelo seu significado. E não é para menos, a humanidade e sua história conhece muito bem o sentido de tais palavras e o perigo que traz consigo toda a vez que elas são pronunciadas.
Epidemia, pandemia, epicentro, isolamento, proliferação, doença, vírus, morte, mais morte.
A gripe suína, surgida no México (em áreas de pobreza humana assomada por multinacionais exploratórias sem preocupação com o meio-ambiente) fez tocar, agora no mundo globalizado, o sinal de alerta, e sua conseqüente preocupação, como já ocorrera outras tantas vezes na historia da humanidade.
A Grécia Antiga sofreu (Praga de Atenas, 430 a.C.), o Império Romano tremeu (Peste dos Antonios, 165-180 d.C.), a Europa inteira foi varrida e um terço de sua população - já enfraquecida por um grande período de fome - dizimada (Peste Negra, 1347-1350/52), e tantas outras não menos importantes, como a Cólera (que assolou países inteiros durante a segunda revolução industrial) provaram a fraqueza da humanidade e o quanto nossa sociedade é vulnerável às pragas.

Hoje, o risco da proliferação da doença e a possibilidade de uma pandemia global está causando um princípio de pânico coletivo justamente num momento em que o mundo vive outra epidemia: a gripe econômica, que a cada espirro contaminado afeta outras nações.


Vírus mortal + fraqueza financeira global = CAOS.


No México, paralisação geral, alerta máximo e mortes. Um amigo, que esteve semana passada em turnê de DJs por lá, em conversa via MSN conta da seguinte forma como está a situação no país de origem da doença:
"(...) tá tudo difícil lá, não consegui ir ao mercado comprar algumas coisas antes de voltar pq não havia nenhum aberto. Todo mundo tá assustado lá no México."

Mas onde realmente estaria o nascedouro dessa epidemia que se alastra e não distingue país rico ou pobre? Como esse vírus mutável surgiu e porque justamente no México?
São tantas as perguntas, em meio ao desespero que toma conta tanto dos meios de comunicação como dos diálogos informais de esquina. Mas uma certeza existe: pela primeira vez na história, o homem criou a sua própria doença.

A pobreza humana de algumas regiões do México foi o terreno fértil para que empresas multinacionais – inescrupulosamente obstinadas a explorar para acumular rendas – desenvolvessem ali atividades sem o aval da OMS (Organização Mundial da Saúde); sim, essa mesma organização que hoje está computando o número de infectados e mortos em cada país!
Assim, na busca de explorar, pilhar, enriquecer, depredar a natureza e todos os recursos locais existentes, sem preocupar-se com o meio ambiente, ninguém mediu as conseqüências nem o resultado de tão assombroso e desastroso para com o próprio ser criador.
Criador de tudo, o homem criou até seu próprio epitáfio. Vamos deixar de legado para as futuras gerações esse mau exemplo, o autoflagelo irracional do racionalismo humano sob a forma de doenças. A crise mundial ainda causará danos à economia, a gripe suína ainda assustará e os nossos filhos herdarão nossos feitos. Mas será que é esse mundo que vamos deixar para nossos descendentes?

As palavras assustadoras que hoje habitam nossos pavores podem deixar de existir e voltar a ser apenas tema de filmes, basta agir enquanto há tempo. MUDANÇA, essa sim, é a palavra de ordem para o novo mundo – livre de pestes e crises – que ainda pode ser construído.