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terça-feira, 15 de abril de 2008

Como se comportar em um velório? Nem eu sei! (Parte 1)


Me lembro muito bem que, até bem pouco tempo atrás, eu dizia que o único velório que eu iria seria o meu, porque deste eu sou o personagem principal e não poderia evitar de ir.
De fato, detesto velório; mas quem gosta de um? Certamente os donos de funerárias!
Mas a nossa vida social, nossas obrigações pessoais e vínculos de parentesco nos levam, inevitavelmente, a fazer coisas das quais não queremos (ou não gostamos) para manter um bom nível de educação e uma certa consideração para com os nossos próximos.
Foi assim que comecei a freqüentar velórios (não habitualmente, porque não morre tanta gente assim do meu grupo social) desde o ano passado; em agosto do ano passado veio a falecer minha tia, irmã de minha mãe. Seria a primeira vez que eu teria que OBRIGATORIAMENTE ir a um funeral.
Mas como me comportar? O que fazer? Olhar ou não olhar pro caixão? Levar ou não levar flores? O que conversar com os parentes? Meu Deus! Afinal, eu era marinheiro de primeira viagem (de primeira morte, pode-se dizer).
Mas o destino que Deus traçou pra ela, dando cabo de sua vida, deu cabo, também, nas minhas esperanças de nunca ter que ir num evento destes e me levou ao encontro da morte humana pela primeira vez. E tive que ir em seu funeral.
Cheguei completamente perdido, entrei pela porta de serviços e de golpe já fui recepcionado por uma senhora que se não era a própria morte em pessoa (toda de preto e com uma ferramenta que parecia uma foice) era a prima-irmã dela. Vendo ela que eu tinha entrado pela porta de serviços, me conduziu por dentro da funerária, fazendo eu passar pela sala onde se “escolhe” caixão. Ali conheci artigos de luxo e outros mais modestos; todos com várias formas de pagamento, desde cheque pré-datado a cartões de crédito ou boleto bancário.
Pra quem nunca teve uma experiência mórbida destas a minha estréia estava sendo "de gabarito"!
Ao chegar na sala velatória alguns parentes já aguardavam minha finada tia, enquanto eu já queria vê-la enterrada e descansando, pois eu também já pensava em descanso (não o eterno, é claro).
Mas neste momento é que realmente começavam meus problemas: o que conversar com as pessoas?
Não daria pra sair falando de futebol, do clima, se ia chover ou não; mas também eu não podia chegar “de sola” me referindo ao fato mortal que se acometera naquela tarde.
E no "não ter o que dizer", arrisquei:
- Impressionante, mas agosto é mesmo o mês que mata velho!
Depois disso eu pude me retirar de velório, acho que até a minha finada tia não ficou muito alegre com a minha infeliz colocação, quem dirá os vivos ali presentes (na sua maioria velhos).


Recentemente tive de ir em mais um velório, mas o relato desta nova obrigação social fica para os próximos capítulos.
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O Jornal Hoje (Globo) vem apresentando uma série de reportagens sobre VESTIBULAR; para ler na íntegra o que já foi apresentado acessem:
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