Essa aconteceu em Uruguaiana!
Um homem campeiro, daqueles nascido e criado no campo, desses que até hoje é alheio aos modismos e modernismos do povo (cidade), estava voltando das lides da estância quando recebeu um telefonema em seu celular (aqueles Nokia antigão, de tela verde).
Era sua esposa, professora, que estava na cidade assistindo uma palestra.
“-Marcolino, onde estás?”
“-Tô aqui na mangueira, vacinando as vacas, nêga véia. Que houve?”
“-Me faz um favor, pega tua caminhonete, vem até a cidade e vai lá na escola buscar o meu pen-drive e traz ele aqui na palestra onde eu estou.”
“-Mas chê, Bibiana, vou terminar a lida e me toco pra cidade então pra te levar esse troço.” Respondeu Marcolino sem perguntar o que era o tal “pen-drive”.
Por via das dúvidas, Marcolino chamou um peão para lhe ajudar; um rapazote a quem ele ordenou, achando que o rapaz saberia dizer sobre o que se tratava a demanda:
“-Chê, Felipe. Vamos lá na cidade buscar um PEN-DRIVE!”
O rapazote não sabia do que se tratava, mas imaginou que fosse algo muito pesado e sugeriu que levasse junto o Paulão, um mulato forte que domava cavalos na estância.
Nessa altura, Marcolino pensou: “Óh, esse guri conhece esse treco e sabe que é pesado!” E gritou pros lados do galpão:
“-Chê, Paulão, larga as éguas e vamos pra cidade buscar um pen-drive!”
Paulão deu uma bombeada pro céu e propôs pro patrão que levasse lonas e cordas, pois havia ouvido no rádio que o tempo estava se armando pra chuva.
“-Tens razão, Paulão, vamos prevenidos.”
E lá se foram os três, com lonas e cordas na traseira da caminhonete para buscar o desconhecido artefato chamado PEN-DRIVE.
Quando chegaram na escola, Marcolino já foi logo estacionando de ré, próximo ao portão. Os dois peões saltaram da caminhonete e foram logo estendendo a lona no chão do pátio da escola, para enrolar o tal pen-drive antes que começasse a chover.
Marcolino foi até a diretora da escola, que já estava lhe esperando e o cumprimentou, entregando aquela minúscula peça que ele segurou com a ponta dos dedos. Sem saber o que dizer, chegou gaguejar: “ma-mas é-é só isso?”
“-E agora, o que eu digo pros meus homens?” Pensou ele.
Ao sair da escola, Felipe lhe perguntou:
“- E o pen-drive, patrão?”
“-Não tá pintado ainda, gurizada. Depois a gente volta pra buscar.”
GAÚCHO NÃO PERDE UMA!