Hoje vejo o mundo ao alcance de um clique, na tela dos computadores; os amigos e contatos no discar de um celular e as brincadeiras e diversões interligadas por um controle/console/TV e, mesmo assim, recordo como era muito mais fantástico passar uma tarde com meus brinquedos no quarto.
Naquele espaço mágico se desenrolaram inúmeras tramas dignas de filme:
Os vilões tinham vozes aterradoras, carregadas de sotaque maligno. Faziam planos de conquistar o mundo e destruir a paz.
Vítimas indefesas, à mercê dos bandidos eram salvas sempre no último momento, dando maior dramaticidade ao espetáculo mental que aquela criança executava dentro do seu palco privado.
Os heróis eram destemidos, honrados e, acima de tudo, inteligentes. Enfrentando sempre os planos também inteligentes dos vilões; passando por situações de extremo perigo, com momentos surpreendentes e de tirar o fôlego, derrotando os inimigos e (seguindo o clichê) com finais felizes.
Da janela aberta entrava o ar, se via as nuvens e o sol aquecia o cenário das imaginações.
A televisão desligada. O rádio, ligado baixinho em alguma estação, muitas vezes, coincidentemente, trazia a trilha sonora para as histórias que aconteciam naquele ambiente.
Não havia computador; não havia celular e as vezes algum amigo vinha com seus brinquedos para atuar, trazendo junto consigo seu roteiro original para acrescentar mais detalhes fantásticos às brincadeiras naquelas tardes no quarto.
O menino, muitos anos depois, cresceu.
Aquele quarto, hoje já não lhe pertence mais.
Aqueles brinquedos (personagens dos enredos) muitos se perderam.
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Mas hoje eu os procurei e alguns os encontrei; guardados numa gaveta em meio a documentos adultos e importantes.
Peguei-os, os que restaram, (aqueles heróis, vilões e demais coadjuvantes) e fui acrescentar imaginações infantis perdidas, agora nas brincadeiras de quarto do meu filho.
PARA MEUS AMIGOS: Richard, Junior e Rafael Fanti.