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sábado, 29 de novembro de 2008

A FASE EREMITA

Passadas semanas onde minha ausência foi perceptível até neste blog, retorno para tratar justamente de ausência, de isolamento, de permanecer afastado das coisas, das pessoas, do mundo que está aí a nos cercar.
É a vida de um eremita[1] (ou ermitão), buscar o silêncio, a distância e um refúgio seguro, onde somente consigo mesmo poderá este ser solitário estar protegido dos “por vires” que a vida causa.
Entrei nessa fase recentemente; em parte por vontade própria (as vezes ficar sozinho é um tratamento muito eficiente para tratar problemas pessoais), em parte pelas atribulações profissionais que a vida nos imprime constantemente na alucinante correria capitalista dessa nossa sociedade pós-moderna fazendo-nos máquinas de trabalho completamente insensíveis quanto ao próximo (que deve ser considerado um concorrente, e não um irmão); mas em grande parte também, eu atribuo essa nova fase a qual acabei mergulhando, ao fato de ter me dado conta que muitas coisas que até pouco tempo atrás existiam no meu meio viver, hoje estão escassas: amizades – profundas e verdadeiras amizades.
A palavra amizade não deveria constar nos dicionários; pois não seria uma dúzia de outras palavras que conseguiria lhe definir. A palavra amizade deveria ser, sim, uma busca eterna na qual as pessoas deveriam primeiro proceder, para depois poder entender.
Não senhores, esta postagem não tem o intuito de fazer cobranças ou reclamar daqueles amigos que hoje não estão próximos para compartilhar um mate ou uma conversa fiel. Mas é que ultimamente fui percebendo que ao passo em que crescemos, amadurecemos psicologicamente e nos envolvemos seriamente na sociedade em que vivemos, vamos pouco a pouco deixando de lado sentimentos, entre eles o da amizade.

Repassando estes meus anos de experiências aqui na terra, lembro de amigos de infância (já de longa data), amigos dos tempos de escola, amigos do futebol, amigos que conquistei na faculdade; amigos...
Na verdade, desde que me conheço, tive e tenho poucos amigos; em um universo de centenas de pessoas sempre tive o prazer de dizer que meus amigos podiam ser contados nos dedos das mãos e ainda me sobrariam dedos! Mesmo assim estes poucos companheiros para mim tiveram (e alguns deles ainda tem) uma significativa e relevante importância, pois cada um deles, em determinado momento, foram uma mão amiga, uma guarida, uma base de apoio, quando tempestuosas tormentas sacudiram meu mundo.
Mas hoje, quando me encontro na fase mais plena de vida, realizado profissionalmente, socialmente e familiarmente, os busquei novamente para compartilhar da alegria na qual me encontro. E não os encontrei.
Alguns o destino ceifou, outros o sistema nos separou (remetendo-os para bem longe em busca de qualidade de vida e trabalho), uns que a diminuição de contato diminuiu também a relação amigável, e outros que... bem, melhor nem dizer (mas que tem o dedo do bichinho mulher nessa interferência, tem). Então, percebendo da situação na qual embarquei (por motivos meus e de outrem) acabei aceitando passivamente – e confesso, estou gostando – a nova fase que tratei de apelidá-la de “fase eremita”.

Escrevi tal matéria após assistir atonitamente a tragédia que assolou o estado de Santa Catarina, que me deixou preocupado por lembrar que um dos meus grandes amigos (com quem estou perdendo o contato) hoje vive naquele estado.
Mas termino a minha postagem mais tranqüilo, ele acabou de dar sinal de vida fazendo um comentário em uma foto do meu orkut, sobre outro amigo meu, que também mora longe, na Argentina; e ironicamente por uma foto, de uma época já meio distante, consegui unir dois destes meus amigos em contato novamente, mostrando que ainda existe amizade sim, só que as vezes ela está escondida, num medo sobre uma notícia, num blog ou até mesmo numa foto de orkut.

Em tempo: só não me tornei mais eremita, pois nesta semana fiz a barba e cortei o cabelo. Até porque barbudos nessa época só o Papai Noel e os companheiros da "estrelinha" (com excessão da Dilma, que é mulher).

[1] Um eremita ou ermitão é um indivíduo que, usualmente por penitência, religiosidade, misantropia ou simples amor à natureza, vive em lugar deserto, isolado. O local de sua morada é designado eremitério.
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Pra não perder o humor, deixo um vídeo do grande goleiro do time da Beira-Rio: